A hora da mudança
Georges Kern, CEO da Breitling, diz que o que aí vem pode ser sintetizado num conceito: um “futuro lendário”.
Georges Kern é o homem da mudança na Breitling. Num ambiente descontraído, entre as apresentações das novidades, houve um tempo para uma conversa informal. Fazendo o relatório de um ano de liderança como CEO e também como accionista da marca, e perspectivando o futuro mais próximo. Kern está contente com o que se conseguiu neste último ano. Focou, desde logo, o olhar da empresa: “Tínhamos 12 colecções e ago- ra são quatro. Ar, Mar, Terra, e para profissionais. O que aí vem pode ser sintetizado num conceito: um futuro lendário.”
Aestratégia parece ser clara para a marca que, desde sempre, foi identificada pela sua afinidade com os relógios de pilotos de aviação. Agora, a ideia é alargar as fronteiras: para a Ásia, para o consumidor feminino, para o público urbano. A linha Terra tem que ver com isso: um segmento urbano, que favorece o estilo e a elegância. Sem- pre dentro de um princípio: “Queremos ser verdadeiros.” Não esquece o novo mundo digital, mas diz que a Breitling não vai desafiar os smartwatches. Não quer entrar nessa luta. É claro: “Eu tenho zero pesadelos com os smartwatches. O relógio é pessoal e é uma experiência. É sobretudo artesanal. Reparem, há mais pessoas a comprar relógios analógicos. As pessoas podem ter tudo oqueédigitalà sua voltam aso produtoétr adicional .”
Se esse desafio não causa insónias a Georges Kern, o que é que o mantém acordado? Ele responde: “As guerras comerciais, as taxas de câmbio, o défice de Itália, tudo o que influencia a indústria. O ambiente tem de ser positivo, e as pessoas precisam disso, de estabilidade, para comprar.”
Georges Kern, mais do que uma táctica, tem uma estratégia: “Temos uma visão para onde queremos ir nos próximos dois ou três anos. Só temos de ser intelectualmente flexíveis. O mercado está a mudar. As pessoas gostam de valores verdadeiros. Talvez os produtos analógicos se tornem o novo luxo.”
Isso sem esquecer o mundo digital onde cada vez mais nos movemos. Kern percebe a mutação: “Temos de oferecer aos consumidores uma variedade de possibilidades para aceder à marca. Até porque os consumidores já não querem saber onde compram o seu Breitling. O digital não implica apenas o e-commerce, inclui as formas de comunicar com o cliente.”
Talvez por isso tenhaaceitado este novo desafio na Breitling: “Queria fazê-lo eu próprio. Queria investir nesta marca. Os relógios que mais me atraem aqui são os das décadas de 1940 e 1970, que vejo como a idade de ouro da Breitling. Os relógios são fantásticos. A Breitling está posicionada basicamente na gama que vai dos 3.000 aos 8.000 ou 9.000 francos suíços, onde planeamos ficar. Vamos manter as fundações sobre as quais a Breitling foi construída, que são os relógios de pilotos e os modelos grandes. Mas os gostos evoluíram. E ir ao encontro dos nossos objectivos de crescimento implica explorar novos territórios.” Por isso, acha que os grandes salões de relojoaria já não são eficientes. Umanovafórmula, como aque foi testadaem Londres, ao encontro da marca coma comunicação, estáaser encontrada. Tu doem busca de uma relação mais pessoal.