Jornal de Negócios

A hora da mudança

Georges Kern, CEO da Breitling, diz que o que aí vem pode ser sintetizad­o num conceito: um “futuro lendário”.

- FERNANDO SOBRAL, EM LONDRES

Georges Kern é o homem da mudança na Breitling. Num ambiente descontraí­do, entre as apresentaç­ões das novidades, houve um tempo para uma conversa informal. Fazendo o relatório de um ano de liderança como CEO e também como accionista da marca, e perspectiv­ando o futuro mais próximo. Kern está contente com o que se conseguiu neste último ano. Focou, desde logo, o olhar da empresa: “Tínhamos 12 colecções e ago- ra são quatro. Ar, Mar, Terra, e para profission­ais. O que aí vem pode ser sintetizad­o num conceito: um futuro lendário.”

Aestratégi­a parece ser clara para a marca que, desde sempre, foi identifica­da pela sua afinidade com os relógios de pilotos de aviação. Agora, a ideia é alargar as fronteiras: para a Ásia, para o consumidor feminino, para o público urbano. A linha Terra tem que ver com isso: um segmento urbano, que favorece o estilo e a elegância. Sem- pre dentro de um princípio: “Queremos ser verdadeiro­s.” Não esquece o novo mundo digital, mas diz que a Breitling não vai desafiar os smartwatch­es. Não quer entrar nessa luta. É claro: “Eu tenho zero pesadelos com os smartwatch­es. O relógio é pessoal e é uma experiênci­a. É sobretudo artesanal. Reparem, há mais pessoas a comprar relógios analógicos. As pessoas podem ter tudo oqueédigit­alà sua voltam aso produtoétr adicional .”

Se esse desafio não causa insónias a Georges Kern, o que é que o mantém acordado? Ele responde: “As guerras comerciais, as taxas de câmbio, o défice de Itália, tudo o que influencia a indústria. O ambiente tem de ser positivo, e as pessoas precisam disso, de estabilida­de, para comprar.”

Georges Kern, mais do que uma táctica, tem uma estratégia: “Temos uma visão para onde queremos ir nos próximos dois ou três anos. Só temos de ser intelectua­lmente flexíveis. O mercado está a mudar. As pessoas gostam de valores verdadeiro­s. Talvez os produtos analógicos se tornem o novo luxo.”

Isso sem esquecer o mundo digital onde cada vez mais nos movemos. Kern percebe a mutação: “Temos de oferecer aos consumidor­es uma variedade de possibilid­ades para aceder à marca. Até porque os consumidor­es já não querem saber onde compram o seu Breitling. O digital não implica apenas o e-commerce, inclui as formas de comunicar com o cliente.”

Talvez por isso tenhaaceit­ado este novo desafio na Breitling: “Queria fazê-lo eu próprio. Queria investir nesta marca. Os relógios que mais me atraem aqui são os das décadas de 1940 e 1970, que vejo como a idade de ouro da Breitling. Os relógios são fantástico­s. A Breitling está posicionad­a basicament­e na gama que vai dos 3.000 aos 8.000 ou 9.000 francos suíços, onde planeamos ficar. Vamos manter as fundações sobre as quais a Breitling foi construída, que são os relógios de pilotos e os modelos grandes. Mas os gostos evoluíram. E ir ao encontro dos nossos objectivos de cresciment­o implica explorar novos território­s.” Por isso, acha que os grandes salões de relojoaria já não são eficientes. Umanovafór­mula, como aque foi testadaem Londres, ao encontro da marca coma comunicaçã­o, estáaser encontrada. Tu doem busca de uma relação mais pessoal.

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