Bruxelas prevê travagem do PIB em 2019
A Comissão Europeia não está tão confiante como o Governo sobre a evolução da economia no próximo ano. A diferença é de quatro décimas.
As previsões da Comissão Europeia para a economia portuguesa afastam-se cada vez mais das do Governo. Nas previsões de Outono, divulgadas esta quinta-feira, Bruxelas prevê que o PIB cresça 1,8% no próximo ano, abaixo dos 2% estimados no Verão. O Executivo construiu o Orçamento do Estado para 2019 com o PIB a crescer 2,2%.
Comecemos por 2018. Para o ano corrente, a previsão do Governo e da Comissão não diferem de forma significativa: 2,3% e 2,2%, respectivamente. Portugal deverá assim crescer acima da média da Zona Euro cuja previsão manteve-se nos 2,1%.
A divergência é visível no próximo ano. O Governo vê uma ligeira desaceleração para 2,2% e ancorou essa previsão na aceleração do investimento de uma subida de 5,2% em 2018 para 7% em 2019. Desta forma, Portugal cresceria acima da média da Zona Euro de 1,9% previsto pela Comissão, uma revisão em baixa face os 2% da Primavera.
Contudo, as previsões de Bruxelas vão noutro sentido. A Comissão Europeia prevê que Portugal cresça apenas 1,8%, abaixo da média europeia. Tal deve-se à desaceleração da economia europeia - o que provocará uma desaceleração das exportações e do consumo -, mas também a uma previsão diferente para o investimento. Bruxelas prevê uma aceleração, mas curta: de 4,4% para 4,7%.
Os sinais de que a economia eu- ropeia está a perder gás fizeram sentir já no terceiro trimestre deste ano. O PIB da Zona Euro cresceu 1,7%, em termos homólogos, o que representa uma travagem significativa. No relatório publicado ontem, a Comissão admite, no entanto, que existe “um nível elevado de incerteza à volta das previsões”.
Um dos elementos de incerteza é o processo do Brexit, que não está contabilizado nestas previsões. Junta-se o perigo de sobreaquecimento da economia nos Estados Unidos e os possíveis efeitos disso nos mercados, principalmente os emergentes. E mantém-se a guerra comercial com a China.
Dentro da União Europeia, a Comissão mostra-se preocupada com a resiliência das economias. “As dúvidas sobre a qualidade e a sustentabilidade das finanças públicas em Estados-membros altamente endividados pode propagar-se aos sectores bancários domésticos, aumentar as preocupações com a estabilidade financeira e pressionar a actividade económica”, lê-se no documento.
“Aincerteza e os riscos, tanto externos como internos, estão a aumentar e começam a ter impacto no ritmo da actividade económica”, admite o vice-presidente da Comissão Europeia para o euro, Valdis Dombrovskis, avisando que é preciso manter a vigilância e trabalhar para reforçar a resiliência das economias.