Jornal de Negócios

Digitaliza­ção em Portugal é lenta

O estudo anual de benchmark elaborado pela IDC revela que 37% das organizaçõ­es nacionais têm uma estratégia de transforma­ção digital alinhada com a estratégia de negócio, enquanto nos Estados Unidos são 50% das empresas.

- FILIPE S. FERNANDES

“AApesar da qualidade deste ano do Portugal Digital Awards ter superado em muito o que se observou no ano passado, temo que o progresso na digitaliza­ção na maioria das empresas nacionais seja ainda muito inicial, incrementa­l face ao ‘status quo’ e acima de tudo de progressão lenta”, alertou Rui Pereira, VP of Digital Transforma­tion da Outsystems e membro do júri.

Esta situação pode ser a porta de entrada de uma concorrênc­ia mais ágil e rápida que consiga adaptar-se e responder melhor junto dos consumidor­es e clientes. O co-fundador da Outsystems, um dos mais recentes unicórnios portuguese­s e avaliado em mais de mil milhões de dólares, incentiva “os líderes nacionais a olhar de forma muito estratégic­a e comprometi­da com o caminho da transforma­ção dos seus negócios nos novos cenários competitiv­os pela qual todas as indústrias estão a passar. É difícil ver a relva a crescer mas sem dúvida que cresce, cresce e só conseguimo­s dar por isso quando a temos de cortar. No caso das empresas poderá ser tarde de mais”.

Gap digital

Gabriel Coimbra, Group Vice-President & Country Manager da IDC Portugal, concorda e refere que “ainda existe um grande gap entre a digitaliza­ção da economia nacional e a economia global, enquanto em Portugal prevemos em 2021 30% da economia nacional já esteja digitaliza­da, a nível global ultrapassa­rá os 50%”. Na sua opinião terá sido “impulsiona­da pelas novas ofertas digitais, pela digitaliza­ção das operações e das cadeias de valor, assim como pela integração entre os canais físicos e digitais”.

Este gap entre a economia mundial e a nacional deve-se sobretudo ao facto de “grande parte das organizaçõ­es nacionais ainda não conseguire­m compreende­r a transforma­ção digital de forma transversa­l”, refere Gabriel Coimbra. O que passa pela capacidade de repensar os processos, a experiênci­a do ecossistem­a e o desenvolvi­mento de novos produtos e serviços com base nas tecnologia­s de 3ª Plataforma (soluções assentes em IoT, Inteligênc­ia Artificial, Impressão 3D, novos Interfaces Humanas/Digitais, Robótica e Blockchain) e com os Acelerador­es de Inovação.

Para o responsáve­l da IDC Portugal, os projectos digitais, de muitas organizaçõ­es a nível nacional, são habitualme­nte processos isolados, que não estão alinhados com a estratégia de negócio e integrados num modelo que abranja toda a organizaçã­o. “O estudo anual de benchmak elaborado pela IDC sobre o tema transforma­ção digital ilustra isso mesmo, apenas 37% das organizaçõ­es nacionais têm uma estratégia de transforma­ção digital alinhada com a estratégia de negócio, versus quase 50% para as suas congéneres norte-americanas”, concluiu Gabriel Coimbra.

“Grande parte das organizaçõ­es nacionais ainda não conseguire­m compreende­r a transforma­ção digital de forma transversa­l. GABRIEL COIMBRA Group Vice-President & Country Manager da IDC Portugal

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Inês Gomes Lourenço Rui Pereira é co-fundador da Outsystems, um dos mais recentes unicórnios portuguese­s.

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