Jornal de Negócios

Os milhões do Web Summit e outras “estórias”

- CAMILO LOURENÇO Jornalista de economia camilolour­enco@gmail.com

Com o fim do Web Summit 2019 vamos ouvir toda a sorte de balanços nas próximas semanas. Desde a crítica mais primária (não há dinheiro para outras coisas, mas há para esta) até à mais eleitorali­sta: o evento gerou centenas de milhões em negócios… Dê-lhes o devido desconto. A conversa dos milhões ou de “o Governo fez isto ou aquilo” é típica de países onde o empreended­orismo não tem raízes e onde o mercado de capitais funciona mal. Sendo assim, como avaliar a importânci­a do evento? Pelo contributo que traz para a mudança de mentalidad­es (internamen­te) e pela mudança da imagem do país no mundo.

Vamos à primeira questão. O ecossistem­a que se instala naqueles dois quilómetro­s quadrados do Parque das Nações oferece uma visão privilegia­da do futuro. Quais as tendências do mercado? O que é que as empresas pedem de “skills” qualificad­os? Qual a relação entre capital e trabalho dentro de dez anos?...

A segunda vertente não é menos importante. Embora muita coisa tenha mudado, Portugal continua com um défice de imagem (modernidad­e) no exterior. Pouca gente lá fora tem a perceção de que o país já dá cartas em certas áreas: I&D, produção de conhecimen­to e aproximaçã­o entre univer- sidades e empresas, desenvolvi­mento de software, etc. Ora é aqui que o Web Summit pode fazer a diferença. Em três anos de evento nota-se que alguma coisa já começou a mudar a esse nível. Veja-se a instalação de centros digitais da Daimler, BMW e VW em Portugal. Se os próximos dez anos acentuarem essa mudança, terá valido a pena pagar 110 milhões para manter o evento por cá. É nisso que os portuguese­s têm de se focar, mais do que nos milhões que ninguém sabe como são calculados.

Artigo em conformida­de com o novo Acordo Ortográfic­o

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal