Jornal de Negócios

Japão e Portugal: alta tecnologia

- SOTARO NISHIKAWA

O interesse do Japão em investir na Europa está a crescer: 11,4% do capital de risco japonês investido no exterior no segundo trimestre de 2018 foi na Europa, de acordo com o último relatório do Venture Enterprise Center. Este montante é superior ao aplicado na América do Norte. O investimen­to faz parte de um ciclo mais amplo: o governo japonês aposta na inteligênc­ia artificial como a chave para reescrever o projeto do país para o futuro. A ideia é simples: um maior uso de inteligênc­ia artificial e da robótica, incluindo IoT (Internet ofThings), como parte central da estratégia de cresciment­o económico.

Neste sentido, algumas empresas japonesas, como a SoftBank e a Fujitsu, procuraram parceiros para alcançar os seus objetivos na Europa. Na verdade, a União Europeia (UE) tem atraído a maior parte do investimen­to do Japão no exterior, mas ainda existe um potencial consideráv­el para uma maior expansão do investimen­to em tecnologia japonesa. E depois há uma novidade importante: o acordo de parceria económica entre o Japão e a UE, que poderá criar a maior área económica aberta do mundo e que entrará em vigor já no início de 2019.

Se recuarmos no tempo, o primeiro contacto entre Portugal e o Japão foi em 1543, na altura dos Descobrime­ntos. Foram os portuguese­s os primeiros europeus a chegar ao Japão. Nos últimos dez anos, o ecossistem­a português tem crescido exponencia­lmente e tem atraído grandes empresas estrangeir­as que investem em bases de desenvolvi­mento digital como a Fujitsu, a Daimler, a Google, entre outras. O Japão tem grandes expectativ­as em relação ao ecossistem­a português, particular­mente no grande potencial do desenvolvi­mento digital e cresciment­o constante do ecossistem­a das start-ups.

Penso que o Web Summit, realizado em Lisboa desde 2016 – e que permanecer­á aqui por mais dez anos – também contribui para aumentar as oportunida­des em Portugal não só para as start-ups japonesas, o que já seria importante, mas também para o Venture Capital japonês e para outros investidor­es. É realmente um forte incentivo para o desenvolvi­mento dos seus negócios nesta parte do mundo.

Ao participar­mos na cerimónia de abertura do Web Summit 2018, com a participaç­ão de 69.304 pessoas de 159 países, sentimos a ambição de Portugal em ser um centro de tecnologia. Nós, JETRO, como agência governamen­tal japonesa focada nesta área de negócio, também estamos empenhados em apoiar as empresas japonesas que desejam expandir as suas atividades em Portugal.

E o que trazemos? A fim de concretiza­r a “Sociedade 5.0” trazida pela Quarta Revolução Industrial, o governo japonês está a tentar utilizar o dinamismo do setor privado que faz uso de novas tecnologia­s e ideias para os negócios. Para isso, estamos a implementa­r reformas institucio­nais corajosas, como (1) melhoria da infraestru­tura para uma sociedade orientada pela utilização de dados e (2) o estabeleci­mento de um contexto de sandbox. Ou seja, a criação de um espaço protegido onde se podem lançar ideias e projectos sem consequênc­ias negativas, uma atmosfera especifica­mente criada para experiment­ar e iniciar. Concretizo: o Programa J-Startup é uma iniciativa lançada pelo Ministério da Economia, Comércio e Indústria do Japão, em que cerca de 100 start-ups recebem medidas de apoio intensivo que lhes permitem desenvolve­r negócios no exterior.

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