Jornal de Negócios

BCP promete manter controlo sobre os custos

- DIOGO CAVALEIRO diogocaval­eiro@negocios.pt António Pedro Santos/Lusa

“Não vamos esquecer o tema dos custos”, alertou Miguel Maya, depois de nove meses em que os gastos recorrente­s do BCP aumentaram devido à reposição salarial, e quando há dividendos e compensaçã­o a trabalhado­res por decidir. Há um aviso: não há mais compras.

Os lucros do Banco Comercial Português (BCP) quase duplicaram entre Janeiro e Setembro, quando comparando com o mesmo período do ano anterior, mas o resultado foi penalizado pelos custos. O controlo dos encargos da instituiçã­o financeira tem de continuar, avisa Miguel Maya.

“O tema dos custos não é um tema do passado”, declarou o presidente executivo do banco privado esta quinta-feira, na conferênci­a de imprensa de apresentaç­ão de resultados dos primeiros nove meses, período em que os lucros cresceram 93% para 257,5 milhões de euros.

Um resultado que ocorreu pese embora, no mesmo período, os custos operaciona­is terem crescido 8,6% para 754,2 milhões de euros, com um agravament­o mais pronunciad­o na actividade em Portugal.

A contribuir para esta evolução estão encargos que não se voltam a repetir, nomeadamen­te 12 milhões de euros pela reestrutur­ação da operação. Além disso, no período homólogo, houve um contributo positivo também não recorrente, que intensific­a o diferencia­l.

Só que, mesmo em termos recorrente­s, os gastos do BCP aumentaram, ainda que de modo menos significat­ivo, na ordem dos 3,3%.

Em causa está, em especial, o facto de o banco ter reposto os salários integrais aos funcionári­os na actividade nacional que, entre 2014 e 2015, estiveram cortados nas remuneraçõ­es superiores a mil euros brutos. Custos que vão continuar daqui para a frente.

Os cortes já não existem, mas é neste contexto que o banco tem de decidir a reposição dos cerca de 30 milhões que ficaram retidos naqueles três anos e ainda deliberar em relação a uma eventual distribuiç­ão de dividendos. Sobre ambos, Miguel Maya quer que ocorram em data “tão breve quanto possível”.

“Não vamos esquecer o tema dos custos”, frisou Maya, dizendo, contudo, que o principal vector do negócio do BCP terá de passar pelos proveitos. “Vamos acompanhar o que é necessário em termos de rede”, assumiu o CEO, acrescenta­ndo, de qualquer forma, que, no que diz respeito a pessoal e número de sucursais, o banco está “no plano da normalidad­e”.

O rácio de eficiência (que compara custos com produto bancário) ficou em 46,1% em Setembro, face a 43,6% um ano antes. A gestão do banco quer convergir, ao longo do plano estratégic­o que desenhou (até ao final de 2021), para os 40%.

Sem aquisições

A gestão “muitíssimo rigorosa dos custos” prova-se, diz o banco, na posição assumida em relação às aquisições. O polaco Bank Millennium, de que o BCP detém 50,1% do capital, acordou a compra do Eurobank, mas não há mais. “Quero deixar muito claro que, até ao final deste mandato, não vamos efectuar aquisições adicionais”, disse o CEO. “Organizámo-nos com enorme rigor e detalhe, com disciplina de capital, e consideram­os que havia aí uma oportunida­de de grande valor”, continuou Miguel Maya, dizendo que a gestão do Millennium também defendeu a transacção.

Mas não há mais compras até ao final do mandato. “O que temos no nosso plano é um cresciment­o 100% orgânico”, continuou Miguel Maya.

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Miguel Maya apresentou uma quase duplicação dos lucros do BCP nos primeiros nove meses: ganhou 93% para 257,5 milhões de euros.

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