Jornal de Negócios

Monção e Melgaço, um “terroir” de eleição

- copyright Luís Lopes

Independen­temente do estilo, os vinhos de Monção e Melgaço possuem um traço comum: a sua superior qualidade.

Integrada na grande região dos Vinhos Verdes, Monção e Melgaço é uma sub-região com caracterís­ticas únicas. Aproveitan­do as condições de clima e solo do vale do rio Minho, conjugando-as com a casta Alvarinho e o talento dos seus enólogos e produtores, Monção e Melgaço origina vinhos brancos que se distinguem pela sua qualidade, caráter e longevidad­e.

Ovale do rio Minho, e em particular a zona abrangida pelos concelhos de Monção e Melgaço, forma uma unidade territoria­l e administra­tiva com grandes tradições vitiviníco­las, havendo registos de exportaçõe­s para Inglaterra que remontam ao século XV. A natureza particular dos vinhos de Monção e Melgaço é explicada através do seu “terroir”, ou seja, a conjugação de diversos fatores diferencia­dores, em particular, clima, solos, casta e, não menos importante, a intervençã­o humana, pois sem ela não há vinha nem vinho. clima desta sub região afasta se do per l atl ntico típico do resto da região dos Vinhos Verdes. Em Monção e Melgaço, uma cintura montanhosa formada pelas serras da Galiza, em Espanha, e pelas serras do Gerês e da Cabreira, na margem portuguesa, protegem as vinhas dos ventos marítimos e aumentam a in uência continenta­l, com invernos frios e chuvosos e verões quentes e secos. solo, de base granítica, muda igualmente consoante a dist ncia do leito do rio. Mais próximo da margem, é mais fértil e profundo, com caracterís­ticas de aluvião; um pouco mais afastado, nos chamados terraços uviais, surge um granito mais grosseiro, aqui e ali atravessad­o por uma faixa de calhau rolado; e nas encostas, onde a vinha é plantada até à cota de 400 metros, encontramo­s o granito mais puro. Este é o berço da nobre casta Alvarinho, que aqui se encontra referencia­da desde o século XVIII. Sendo uma casta antiga, curiosamen­te, os seus méritos só muito tardiament­e foram reconhecid­os. Com cachos pequenos e compactos e bagos de película grossa, produz naturalmen­te pouco, o que a tornava menos atrativa para os lavradores. Só a partir da investigaç­ão vitiviníco­la levada a cabo nos anos 0 do séc. XX por Am ndio Galhano se destacou a elevada qualidade dos vinhos Alvarinho de Monção e Melgaço. Nas décadas seguintes, os vinhos produzidos na região levaram a excelência desta casta até aos grandes centros urbanos de Portugal e depois para o Mundo. Atualmente, Monção e Melgaço possui 1700 hectares de vinha (onde se incluem também outras castas brancas e tintas), trabalhada por mais de 2000 viticultor­es, dando origem a cerca de 250 marcas de vinho. Os vinhos de Monção e Melgaço, com base na casta Alvarinho, podem apresentar diversos perfis. Aqui releva o fator humano, o talento e conhecimen­to de enólogos e produtores e as suas opções na adega. Controland­o a fermentaçã­o a uma temperatur­a relativame­nte baixa, mais facilmente se extraem aromas e sabores a frutos tropicais, abacaxi, manga, maracujá. Se se deixar fermentar a temperatur­a mais elevada, destacam-se os tons citrinos de laranja, toranja e tangerina. Aqui e ali surgem nuances minerais, ou notas fumadas no caso de fermentaçã­o em barrica. Independen­temente do estilo, os vinhos de Monção e Melgaço possuem um traço comum: a sua superior qualidade, patente na pureza da fruta, no excelente equilíbrio ácido, no caráter vincado e na notável capacidade de crescer em garrafa ao longo de muitos anos. Vinhos únicos, diferencia­dores, pura expressão de “terroir”.

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