Mário Ferreira torna-se o maior cliente da Martifer
O empresário, que tem quatro navios em construção em Viana, adjudicou à West Sea mais dois por 118 milhões de euros. “É a ‘trave-mestra’ destes estaleiros”, reconheceu o “chairman” do grupo Martifer.
“O Mário Ferreira tem sido a ‘trave-mestra’ na transformação destes estaleiros numa referência mundial ao nível da construção de navios de turismo de média dimensão. “CARLOS MARTINS “Chairman” do grupo Martifer
AMartifer tem no empresário Mário Ferreira a sua maior fonte de proveitos. Com a construção naval a ganhar cada vez mais peso no grupo sedeado em Oliveira de Frades, o “tubarão” dos cruzeiros fluviais tornou-se uma peça crítica no “turn around” empreendido pela companhia dos irmãos Martins.
Nos estaleiros navais de Viana do Castelo, concessionados à West Sea, estão, neste momento, em construção quatro navios para o grupo de Mário Ferreira, que acaba de adjudicar à participada da Martifer mais duas embarcações. Contas feitas, este sexteto naval vale uma facturação superior a 180 milhões de euros.
Na passada sexta-feira, em co- municado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a Martifer revelou que tinha conseguido mais um contrato, no valor de 118 milhões de euros, para a construção de dois navios oceânicos para a Mystic Invest, a “holding” do dono da Douro Azul.
“O Mário Ferreira tem sido o principal cliente dos estaleiros e o grande responsável, a par da nossa capacidade, por dinamizar os estaleiros de Viana do Castelo”, reconheceu Carlos Martins, “chairman” da Martifer, em declarações ao Negócios. “Tem sido, ao fim e ao cabo, a ‘trave-mestra’ na transformação destes estaleiros numa referência mundial ao nível da construção de navios de turismo de média dimensão”, enfatizou o mesmo empresário.
Depois de ter facturado perto de 100 milhões de euros com a construção dos últimos oito navios que a Douro Azul tem em operação no rio Douro, a Martifer prevê entregar, “entre Fevereiro e Abril do próximo ano”, mais três para o mesmo cliente e que tem também o Douro como destino. “Cada um deles representa uma facturação de 7,2 milhões de euros para a West Sea”, detalhou Martins.
Mais de mil trabalhadores
E, para “o início de Abril”, está prevista a entrega do World Explorer, o primeiro navio oceânico da Mystic Invest, que vale “cerca de 41 milhões de euros” de proveitos para a subconcessionária dos estaleiros de Viana. Questionado sobre o custo total deste navio, que estava orçado em 70 milhões de euros, Mário Ferreira admitiu ao Negócios, sem detalhar, que o mesmo “se desviou substancialmente do valor inicial, dada a sua sofisticação tecnológica”.
Com 126 metros de comprimento e 19 de largura, o World Explorer, que está equipado com tecnologia Rolls-Royce e uma capacidade para cerca de 200 pessoas e 111 tripulantes, vai oferecer itine- rários de cruzeiros de expedição na Antártida, com partida em Ushuaia, cidade situada na ponta sul da Argentina.
Uma das réplicas do World Explorer “começa a ser construído ainda este mês” e a outra “dentro de seis meses” devendo ser entregues a Mário Ferreira “em Maio de 2020 e em Maio de 2021”, respectivamente. Aassinatura do contrato de construção dos dois novos navios entre a West Sea e a Mystic Invest está marcada para esta terça-feira, 13 de Novembro, nos estaleiros de Viana, numa cerimónia que contará com a presença do ministro da Economia, Pedro Siza Vieira.
A West Sea está ainda a construir um Navio Patrulha Oceânico (NPO) para a Marinha portuguesa, que deverá ser entregue “no início do próximo ano”. Nos estaleiros “trabalham actualmente cerca de 1.100 pessoas”, contando com os subempreiteiros, dos quais “cerca de 350” integra os quadros da participada da Martifer.