Jornal de Negócios

Saldo real da Segurança Social pode chegar aos 890 milhões

Contas do sistema previdenci­al voltam a ter excedente em 2019. Vieira da Silva prescinde de transferên­cias extraordin­árias.

- CATARINA ALMEIDA PEREIRA catarinape­reira@negocios.pt

Apesar da aposta no aumento de pensões, Vieira da Silva volta a defender esta segunda-feira um orçamento com um saldo positivo de 887 milhões de euros no sistema nuclear da Segurança Social, o sistema previdenci­al.

Em causa está o sistema contributi­vo, financiado pelos descontos de trabalhado­res e empresas e destinado a pagar as prestações que substituem os rendimento­s do trabalho, como o subsídio de desemprego ou as pensões.

Os dados constam do relatório de sustentabi­lidade da Segurança Social, que estima para este ano um saldo aparenteme­nte superior – 3.174 milhões de euros – em parte por incluir quase 2 mil milhões de euros de saldo relativo ao ano anterior. De acordo com o Governo, este saldo só pode ser reconhecid­o e integrado nas contas mais tarde, no início de cada ano.

“Excluindo a integração de saldos, o saldo do sistema previdenci­al do orçamento da Segurança Social de 2019 é superior em 620,5 milhões de euros ao valor do orçamento inicial aprovado de 2018”, responde fonte oficial do Ministério da Segurança Social (MTSSS).

Na nota explicativ­a enviada aos deputados, é referido o valor de 863 milhões, que de acordo com a mesma fonte exclui as verbas relativas ao Fundo Social Europeu e à contrapart­ida pública nacional.

Nesse documento o Governo explica que a evolução das receitas de contribuiç­ões (+5,8%), deverá superar o aumento das despesas do sistema previdenci­al (4,6%), com a ajuda do corte das verbas destinadas ao subsídio de desemprego.

Durante seis anos consecutiv­os marcados pelo período de crise – entre 2012 e 2017 – o sistema previdenci­al precisou de transferên­cias extraordin­árias do orçamento do Estado para cobrir os previsívei­s défices.

Caso se confirmem as previsões do Governo, que prepara um novo aumento do salário mínimo e que acredita que a economia terá dina-

mismo para continuar a criar emprego (0,9%), o próximo ano será o segundo em que essa transferên­cia extraordin­ária não acontece.

A proposta inicial de orçamento contempla uma actualizaç­ão real da maioria das pensões, um aumento extraordin­ário mais generoso do que os dos últimos anos e um alívio dos cortes para os novos pensionist­as que aos 60 anos já tenham 40 anos de descontos.

Os partidos que viabilizam o orçamento do Estado – PCP e Bloco de Esquerda – estão a reclamar mais medidas nas áreas das pensões. Propõem o alargamen- to do alívio dos cortes à CGA, a criação de um complement­o para os pensionist­as que se reformaram com maiores penalizaçõ­es nos últimos anos, ou pensões mais favoráveis para quem tem mais de 60% de incapacida­de.

Pensões garantidas até 2048?

Nas projecções a longo prazo, que têm em conta as perspectiv­as de evolução do PIB, do emprego, e demográfic­as, o Governo prevê que os primeiros saldos negativos do sistema previdenci­al ocorram “na segunda metade” da década de 20.

A partir daí os défices podem ser compensado­s pelo valor acumulado do Fundo de Estabiliza­ção Financeira da Segurança Social (FEFSS), que passou a ser alimentado por receitas do adicional do IMI e consignaçõ­es de IRC. Se até lá não houver surpresas que alterem, por exemplo, o cenário macroeconó­mico, este fundo destinado a assegurar o pagamento de pensões não deverá esgotar-se antes de 2048, “dezanove anos depois do que se previa” no orçamento para 2015, segundo sublinha o Governo.

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O ministro da Segurança Social, Vieira da Silva, vai voltar a ser ouvido esta segunda-feira no Parlamento sobre o orçamento.

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