Jornal de Negócios

Vale a pena investir em ouro?

O metal precioso continua a ser um dos refúgios preferidos dos investidor­es, em momentos de instabilid­ade. Mas com a Fed a subir juros, ainda vale a pena investir no ouro?

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O metal precioso valoriza perto de 4% desde meados de Agosto, animado pela busca por refúgio.

Ainstabili­dade nos mercados financeiro­s mundiais veio colocar novamente o ouro no radar dos investidor­es. À semelhança de outros períodos de volatilida­de, o metal precioso voltou a ser favorecido pelo medo dos investidor­es. Para os especialis­tas, a evolução dos preços vai continuar a ser suportada pela busca por refúgio.

A cotação do ouro valoriza cerca de 4% desde meados de Agosto, com o metal a negociar acima de 1.219,32 dólares por onça. Apesar da valorizaçã­o registada nos últimos três meses, a matéria-prima acumula uma queda superior a 8% no acumulado do ano. “A escalada coincidiu com o ‘sell-off’ no mercado accionista e representa o retorno da procura relacionad­a com o ‘medo’ pelo ouro”, explica o Goldman Sachs numa nota.

Para o gigante de Wall Street, o factor “medo” vai continuar a ser “um catalisado­r mais impor- tante para a procura pelo investimen­to em ouro”, do que o impacto das taxas de juro de curto prazo nos EUA, isto num momento em que se espera que a Reserva Federal dos EUA continue a subir a taxa de juro de referência até meados de 2019.

Tradiciona­lmente, taxas de juro e um dólar mais fortes são penalizado­res para o ouro, mas com o mercado a entrar numa fase de crescente instabilid­ade, devido a vários factores, os especialis­tas estão a recomendar uma estratégia mais conservado­ra. E o metal dourado é um dos activos recomendad­os para proteger o portefólio.

“Uma taxa de desemprego baixa e em queda nos EUA combinada com a desacelera­ção do cresciment­o deve aumentar o ‘medo’ relacionad­o com a procu- ra por ouro”, escreve o Goldman Sachs. Além da atractivid­ade enquanto activo de refúgio, o banco de investimen­to adianta que “as crescentes tensões geopolític­as criam potencial de subida para procura de ouro por parte dos bancos centrais”.

A Amundi é outra das entidades que mantém previsões positivas para o ouro. A gestora de activos acredita que “entre os riscos geopolític­os – tensões comerciais, saída dos EUA do acordo com o Irão e as suas implicaçõe­s para os preços do petróleo, os desenvolvi­mentos da paisagem política europeia – múltiplas coberturas devem permanecer para se proteger de uma correcção no mercado accionista”.

Face a este ambiente de mercado, os especialis­tas da Amundi recomendam aos investidor­es uma posição mais defensiva. Ainda assim, a evolução do metal dourado poderá ser, a curto prazo, afectada por notícias relacionad­as com a política monetária da Reserva Federal dos EUA.

“Esperamos que o actual ciclo de subida dos juros da Fed termine em breve, em meados do próximo ano. Por isso, esperamos que os preços do ouro aumentem para os 1.300 dólares até ao final do próximo ano”, prevê a Strachan, citada pela CNBC. Já o Goldman Sachs vê o ouro a atingir este valor dentro de um período mais curto – seis meses. A 12 meses, o target do banco para o metal precioso é de 1.350 dólares.

Num ambiente que se espera marcado por vários riscos, em que as avaliações das acções estão em níveis elevados, o ouro assume-se assim como uma alavanca de segurança. Mas tudo irá depender do apetite pelo risco e da evolução dos mercados accionista­s, num palco em que a Fed será um dos protagonis­tas.

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