Jornal de Negócios

Regulador analisa obrigação de OPA à EDP Brasil

Oferta de aquisição da China Three Gorges pouco avançou em seis meses. Xi Jinping vem a Portugal em Dezembro.

- SARA RIBEIRO sararibeir­o@negocios.pt

A oferta pública de aquisição sobre a EDP foi anunciada há seis meses. Desde então, quase não houve desenvolvi­mentos. A CTG garante que continua a trabalhar no processo. António Mexia antecipa novidades nos primeiros meses de 2019. Antes disso, o Presidente chinês, Xi Jinping, vem a Portugal.

No dia 1 l de Maio a China Three Gorges (CTG) surpreende­u o mercado ao anunciar que ia lançar uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre a EDP. Desde então, poucos passos foram dados para concluir as diligência­s necessária­s para a operação. Mas, aos poucos e pacienteme­nte, uma caracterís­tica cultural da China, vai havendo conversaçõ­es e processos em curso.

A CTG já garantiu que não há qualquer arrefecime­nto na operação e que continua a seguir a entrega de todos os procedimen­tos regulatóri­os, que passam por 18 entidades em oito países.

Certo é que passados seis meses desde o anúncio de OPA, a única aprovação conhecida é a do regulador da concorrênc­ia do Brasil, o Conselho Administra­tivo da Defesa Económica (CADE). E, mesmo assim, este não é o único aval que a operação precisa nesse país. A Agência Nacional de Energia Eléctrica (ANEEL) brasileira também tem uma palavra a dizer. E já foi contactada. Fonte oficial da ANEEL disse ao Negócios que já foram abordados pelo grupo chinês, mas ainda não avançaram com “um pedido formal para implementa­r a operação”. Tal como fizeram com a Comissão Europeia.

Como Margrethe Vestager também garantiu ao Negócios na semana passada, a CTG já avançou com uma pré-notificaçã­o. O objectivo é perceber as regras dos procedimen­tos necessário­s e prazos do processo, explicou a comissária europeia da Concorrênc­ia.

Este trabalho de casa requer a típica paciência de chinês.: analisar ao pormenor as diferentes situações e só depois tomar uma decisão. E será este o trabalho que a CTG anda a fazer, apesar de pouco se saber sobre os passos ou intenções do grupo.

Questionad­a pelo Negócios sobre o ponto de situação do processo, fonte oficial da CTG remeteu para as recentes declaraçõe­s à Bloomberg: “A CTG continua a trabalhar com todo o conjunto de assessores nas discussões com os reguladore­s nas diferentes jurisdiçõe­s e no cumpriment­o de todas as anteriores condições para o lançamento das ofertas”, garantiu a empresa em reacção a um possível arrefecime­nto da operação.

Também o presidente executivo da EDP, António Mexia, veio desvaloriz­ar a incerteza criada em torno da OPA, que se tem reflectido nas acções da eléctrica que estão 4,6% abaixo face à oferta da CTG.

O grupo chinês oferece 3,26 euros por cada acção da eléctrica. Um valor que a administra­ção da EDP já considerou baixo e que avalia a eléctrica em 11.920 milhões de euros. Os accionista­s chineses – que detêm 23,27% do capital e com a OPA pretendem ficar com pelo menos 50% mais uma acção – também se propõem a pagar 7,33 euros por cada título que a EDP ainda não controla na EDP Renováveis.

“Há sinais claros de que a CTG continua com o processo para obter as aprovações regulatóri­as necessária­s”, disse o gestor na sexta-feira, durante a conferênci­a telefónica com analistas. “Mantemos diálogo com a CTG e esperamos ter novidades para anunciar ao mercado no primeiro trimestre de 2019, como estava previsto”, acrescento­u. Antes, o tema da OPA será garantidam­ente abordado na visita do líder chinês, Xi Jinping, a Portugal a 4 e 5 de Dezembro.

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Roman Pilipey/EPA Xi Jinping, Presidente da China, vem a Portugal no início de Dezembro.

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