Travão ao alojamento local afecta procura em bairros históricos
A suspensão da inscrição de novos alojamentos locais começa a ter impacto na procura de imóveis nos cinco bairros históricos, dizem as imobiliárias.
Bairro Alto, Madragoa, Castelo, Alfama e Mouraria são os bairros históricos onde, desde 9 de Novembro, está suspensa a inscrição de novos alojamentos para arrendamento de curta duração. Uma decisão da Câmara Municipal de Lisboa que começa a ter impacto na procura por imóveis nestes bairros, adiantam algumas imobiliárias. E também os preços podem acabar por ser afectados.
“Já se sente o impacto nas vendas e sobretudo na procura, que caiu”, adianta Luís Lima. “A verdade é que quem compra quer ter a oportunidade de usufruir do seu activo na plenitude”, defende o presidente da APEMIP (Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal ).
“Acredito que sim, que [as restrições no alojamento local] vão ter impacto [nas vendas]”, antecipa Rafael Ascenso. Como lembra o director-geral da Porta da Frente/Christie’s, “nos últimos anos, um dos principais factores que levaram ao crescimento da procura foi a possibilidade de rendimento, nomeadamente no alojamento local. Se cortam essa possibilidade, é evidente que isso vai ter um reflexo negativo nesses bairros e em todo o mercado”.
Ao mesmo tempo, “a suspensão dos registos de alojamento local desvaloriza o activo imobiliário” e, “como tal, é natural que os preços destas casas baixem”, prevê o presidente da APEMIP. “Se anulamos uma parcela importante do mercado de potenciais compradores, reduzimos a procura e isso leva a uma redução de preços”, concorda Rafael Ascenso.
Esta restrição imposta pela Câ- mara de Lisboa “acaba por retrair a decisão da compra [do investidor], por considerar que não poderá tirar daquela casa o usufruto que entender a cada momento, acabando por isso por dirigir a sua procura para outras zonas, onde não existam os entraves que agora se aplicam nestes bairros”, acrescenta Luís Lima. Uma evolução que “à partida” pode justificar um aumento da procura nos bairros vizinhos, frisa o director-geral da Porta da Frente/Christie’s. “Mas será que os potenciais compradores não pensarão que serão os próximos visados?”, questiona Rafael Ascenso.
“Os bairros/ruas limítrofes que ficaram de fora da zona de exclusão poderão ter uma ligeira subida [de preços], mas para já não é algo que tenhamos identificado”, refere fon- te oficial da RE/MAX que antevê que não será “nada de significativo”.
Já Ricardo Sousa junta outros factores à discussão. “Neste momento, o que se está a verificar é uma escassez de oferta, que está a condicionar o número de transacções”, argumenta o CEO da Century 21 Portugal.
“Por outro lado, o nível de preços dos imóveis nas zonas centrais da cidade está a deslocalizar a procura nacional para fora da cidade - diversas zonas da Área Metropolitana de Lisboa – e não para outros bairros”, adianta. No caso da Century21, “até este momento, não se verifica um impacto directo deste factor [suspensão dos registos no alojamento local] nas vendas de imóveis”.
Bairros limítrofes que ficaram fora da exclusão podem ser mais procurados.
Já se sente o impacto nas vendas e sobretudo na procura, que caiu. A verdade é que quem compra quer ter a oportunidade de usufruir do seu activo na plenitude.
LUÍS LIMA
Presidente da APEMIP
Nos últimos anos, um dos principais factores que levaram ao crescimento da procura foi a possibilidade de rendimento, nomeadamente no alojamento local. Se cortam essa possibilidade, é evidente que isso vai ter um reflexo negativo nesses bairros.
RAFAEL ASCENSO
Director-geral da Porta da Frente/Christie’s
Os bairros/ruas limítrofes que ficaram de fora da zona de exclusão poderão ter uma ligeira subida [de preços], mas para já não é algo que tenhamos identificado.
FONTE DA RE/MAX
Em resposta ao Negócios
O investidor acaba por dirigir a sua procura para outras zonas, onde não existam os entraves que agora se aplicam nestes bairros.
LUÍS LIMA
Presidente da APEMIP