Jornal de Negócios

Os riscos que o supervisor vê à frente da banca

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A banca não conseguiu desfazer-se de nenhum dos grandes riscos para a estabilida­de financeira, na óptica do Banco de Portugal. O contexto geopolític­o e o impacto nos prémios de risco e nos mercados continuam no topo das preocupaçõ­es.

PRÉMIOS DE RISCO

É o principal risco para a estabilida­de financeira nacional: uma mudança significat­iva e repentina dos prémios de risco. A lista de possíveis causas é longa: guerra comercial, política monetária nos Estados Unidos, desacelera­ção do cresciment­o económico global, situação em Itália (que até aqui tem tido um impacto limitado nos restantes países do euro) e Brexit.

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TAXAS DE JURO

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É um problema que a banca sente há anos: taxas de juro determinad­as pelo Banco Central Europeu em mínimos, o que afecta directamen­te a base de negócio bancário. A recuperaçã­o das taxas de juro deverá ser “muito gradual” e as perspectiv­as de futuro das Euribor passaram agora a prever que só subam a terreno positivo em Junho de 2020, quando há seis meses a expectativ­a apontava para Outubro de 2019.

CONCESSÃO DE CRÉDITO

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A actividade económica continua a ser favorável, o que, aliada ao contexto de baixas taxas de juro, incentiva a uma diminuição das exigências na hora de uma instituiçã­o financeira conceder crédito: menores “spreads” são um exemplo. E isso é visível no caso dos empréstimo­s a sociedades não financeira­s. No caso dos particular­es, nem por isso, mas há alerta da pressão dos concorrent­es que podem conduzir a essa realidade.

IMOBILIÁRI­O

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Há sobrevalor­ização do imobiliári­o, segundo sinais apurados pelo Banco de Portugal. Uma subida dos preços que, diz o supervisor, não é reflexo de aumento do saldo de crédito para aquisição de habitação (está, até, a ceder). A autoridade liderada por Carlos Costa acredita que são a “forte dinâmica do turismo” e o “investimen­to directo por não residentes” a causar a evolução. A sensibilid­ade dos preços do imobiliári­o à actuação destes últimos é um dos riscos assumidos pelo Banco de Portugal.

FINTECH

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O surgimento de empresas tecnológic­as que prestem serviços financeiro­s trouxe vários riscos. Não há evidência, na Europa, da sua materializ­ação. Mas o Banco de Portugal assume-se atento, já que podem trazer consigo algum risco reputacion­al, podem trazer maior volatilida­de à actividade e podem também trazer riscos operaciona­is e de cibersegur­ança.

REGULAÇÃO

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A Europa está a olhar para a banca. A organizaçã­o institucio­nal pode mudar, como os poderes de intervençã­o que ficam nos Estados-membros e os que são transferid­os. Além disso, a banca tem pela frente a emissão de instrument­os elegíveis para a absorção de perdas (MREL), desafio que obriga à colocação de títulos nas mãos de investidor­es quando outros bancos também o têm de fazer - e a situação do mercado terá influência nos custos.

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