Centro de serviços da chinesa Cofco vai empregar 400 em Matosinhos
Num período de três anos serão 400 pessoas a tratar de serviços partilhados em Matosinhos para a empresa pública chinesa Cofco. O centro já está a recrutar, em particular junto de universidades, tendo a Cofco um gestor no Porto.
A empresa chinesa ligada à logística para a indústria agro-pecuária já está a contratar. CGD, EDP, BCP e REN também assinaram acordos durante a visita que juntou Xi Jinping e António Costa.
ACofco International está a instalar, em Matosinhos, um centro de serviços partilhados que, em três anos, terá 400 trabalhadores. O arranque das operações aconteceu em Novembro, mas a chegada da empresa pública chinesa a Portugal só agora foi anunciada, no âmbito da visita do presidente da China, Xi Jinping.
De acordo com informações dadas pela empresa que actua na cadeia de abastecimento ligada à agro-indústria, o escritório tem 1.600 metros quadrados, mas com possibilidade de expansão. E se neste momento tem menos de 10 pessoas, o processo de recrutamento está a acontecer junto das universidades. “Temos um gestor de recursos humanos instalado já no Porto, a liderar o recrutamento”, esclareceu ao Negócios fonte oficial da Cofco. O objectivo é ter 400 pessoas ao fim de três anos, sendo expectável que, no final do próximo ano, sejam 170.
O centro partilha serviços de tecnologia, recursos humanos, financeiros, aprovisionamento, comunicações, sustentabilidade e outros serviços de suporte empresarial. A Cofco, que tem presença em 35 países, escolheu para a sua instalação em Portugal o parque empresarial na antiga fábrica da Lionesa, em Matosinhos. A empresa explica que esta localização já tem “muitas empresas e um ambiente vibrante”. A empresa não revela o investimento, mas diz que não se trata de um valor material, já que não se trata de qualquer fábrica.
A chegada a Portugal desta entidade ficou firmada num acordo com a AICEP, assinado por Jun Lv, “chairman” da Cofco Corporation, e Luís Castro Henriques, Presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal.
Este foi um dos acordos assinados no âmbito da visita de Xi Jinping a Portugal que marcou outras iniciativas. Foram dois dias de visita, em que China e Portugal trocaram elogios e promessas de colaboração futura mais profunda. Portugal “puxou” pela sua participação na nova roda da seda. Ficou assinado o memorando de entendimento sobre cooperação no quadro da Faixa Económica da “Rota da Seda” e da iniciativa relativa à “Rota da Seda Marítima” do século XXI, que abrange vários sectores, nomeadamente o da conectividade e mobilidade eléctrica. No âmbito desta conectividade, António Costa, primeiro-ministro, deixou o recado. Ao lado de Xi Jinping – numa declaração sem direito a perguntas (tal como já tinha acontecido no encontro com Marcelo Rebelo de Sousa) – disse, citado pela Lusa, que a conectividade entre Europa e a Ásia “deve traduzirse não só ao nível da rota marítima, mas também se deve desenvolver ao nível das ligações aéreas entre os dois países”. A Capital Airlines, conforme noticiou o Negócios, propôs-se manter os voos para Pequim apenas com escala em Xian. António Costa salientou os resultados desta visita ao nível dos investimentos previstos na área empresarial e científica. Mas ficou também acordada a abertura às exportações nacionais de carne de porco e uvas de mesa, o que, segundo o ministro da Agricultura, Capoulas Santos, pode representar 100 milhões de euros por ano.
Na declaração conjunta fica a defesa ao multilateralismo, a uma economia mundial aberta e repudiase o proteccionismo. Isto no dia em que, em Bruxelas, a União Europeia apoiava o acordo político para maior escrutínio dos investimentos de países terceiros em sectores essenciais, alcançado no mês passado, e que esta quarta-feira, ao nível dos Estados-membros, mereceu reservas, segundo a Reuters, apenas de Itália e do Reino Unido.