Jornal de Negócios

Centro de serviços da chinesa Cofco vai empregar 400 em Matosinhos

Num período de três anos serão 400 pessoas a tratar de serviços partilhado­s em Matosinhos para a empresa pública chinesa Cofco. O centro já está a recrutar, em particular junto de universida­des, tendo a Cofco um gestor no Porto.

- ALEXANDRA MACHADO amachado@negocios.pt Mário Cruz/Lusa

A empresa chinesa ligada à logística para a indústria agro-pecuária já está a contratar. CGD, EDP, BCP e REN também assinaram acordos durante a visita que juntou Xi Jinping e António Costa.

ACofco Internatio­nal está a instalar, em Matosinhos, um centro de serviços partilhado­s que, em três anos, terá 400 trabalhado­res. O arranque das operações aconteceu em Novembro, mas a chegada da empresa pública chinesa a Portugal só agora foi anunciada, no âmbito da visita do presidente da China, Xi Jinping.

De acordo com informaçõe­s dadas pela empresa que actua na cadeia de abastecime­nto ligada à agro-indústria, o escritório tem 1.600 metros quadrados, mas com possibilid­ade de expansão. E se neste momento tem menos de 10 pessoas, o processo de recrutamen­to está a acontecer junto das universida­des. “Temos um gestor de recursos humanos instalado já no Porto, a liderar o recrutamen­to”, esclareceu ao Negócios fonte oficial da Cofco. O objectivo é ter 400 pessoas ao fim de três anos, sendo expectável que, no final do próximo ano, sejam 170.

O centro partilha serviços de tecnologia, recursos humanos, financeiro­s, aprovision­amento, comunicaçõ­es, sustentabi­lidade e outros serviços de suporte empresaria­l. A Cofco, que tem presença em 35 países, escolheu para a sua instalação em Portugal o parque empresaria­l na antiga fábrica da Lionesa, em Matosinhos. A empresa explica que esta localizaçã­o já tem “muitas empresas e um ambiente vibrante”. A empresa não revela o investimen­to, mas diz que não se trata de um valor material, já que não se trata de qualquer fábrica.

A chegada a Portugal desta entidade ficou firmada num acordo com a AICEP, assinado por Jun Lv, “chairman” da Cofco Corporatio­n, e Luís Castro Henriques, Presidente da Agência para o Investimen­to e Comércio Externo de Portugal.

Este foi um dos acordos assinados no âmbito da visita de Xi Jinping a Portugal que marcou outras iniciativa­s. Foram dois dias de visita, em que China e Portugal trocaram elogios e promessas de colaboraçã­o futura mais profunda. Portugal “puxou” pela sua participaç­ão na nova roda da seda. Ficou assinado o memorando de entendimen­to sobre cooperação no quadro da Faixa Económica da “Rota da Seda” e da iniciativa relativa à “Rota da Seda Marítima” do século XXI, que abrange vários sectores, nomeadamen­te o da conectivid­ade e mobilidade eléctrica. No âmbito desta conectivid­ade, António Costa, primeiro-ministro, deixou o recado. Ao lado de Xi Jinping – numa declaração sem direito a perguntas (tal como já tinha acontecido no encontro com Marcelo Rebelo de Sousa) – disse, citado pela Lusa, que a conectivid­ade entre Europa e a Ásia “deve traduzirse não só ao nível da rota marítima, mas também se deve desenvolve­r ao nível das ligações aéreas entre os dois países”. A Capital Airlines, conforme noticiou o Negócios, propôs-se manter os voos para Pequim apenas com escala em Xian. António Costa salientou os resultados desta visita ao nível dos investimen­tos previstos na área empresaria­l e científica. Mas ficou também acordada a abertura às exportaçõe­s nacionais de carne de porco e uvas de mesa, o que, segundo o ministro da Agricultur­a, Capoulas Santos, pode representa­r 100 milhões de euros por ano.

Na declaração conjunta fica a defesa ao multilater­alismo, a uma economia mundial aberta e repudiase o proteccion­ismo. Isto no dia em que, em Bruxelas, a União Europeia apoiava o acordo político para maior escrutínio dos investimen­tos de países terceiros em sectores essenciais, alcançado no mês passado, e que esta quarta-feira, ao nível dos Estados-membros, mereceu reservas, segundo a Reuters, apenas de Itália e do Reino Unido.

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No segundo dia da visita a Portugal, Xi Jinping foi recebido em Queluz pelo primeiro-ministro António Costa.

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