Jornal de Negócios

Contrataçã­o de novos quadros da Função Pública será centraliza­da

O Governo vai alterar as regras dos concursos, apostando no recrutamen­to centraliza­do para empregador­es de várias áreas do Estado. O objectivo é poupar recursos e uniformiza­r critérios, sob o controlo de uma entidade tutelada pelas Finanças.

- Mário Cruz/Lusa CAP

O Governo quer alterar as regras dos concursos na Administra­ção Pública, apostando num recrutamen­to centraliza­do que seleccione funcionári­os de qualquer carreira ou categoria para um conjunto de entidades públicas, eventualme­nte de diferentes sectores.

Até aqui existiam essencialm­ente dois tipos de concurso: o que se dirigia ao recrutamen­to imediato para os lugares nos mapas de pessoal dos serviços (ou para futuras necessidad­es); e o que se destina a constituir reservas para futuro.

No projecto de portaria apresentad­o aos sindicatos introduz- -se agora uma terceira modalidade de “recrutamen­to centraliza­do para satisfação de necessidad­es de um conjunto de empregador­es públicos”. Este procedimen­to abrange tanto a constituiç­ão das reservas de recrutamen­to na Direcção- Geral da Qualificaç­ão dos Trabalhado­res em Funções Públicas (INA) – tutelada pelas Finanças – como as ofertas de colocação que daí decorrem.

No próximo ano, o Estado irá recrutar cerca de mil novos profission­ais com formação superior, anunciou em Julho o primeiro-ministro, António Costa. Em Maio, no Parlamento, o ministro das Finanças já tinha assumido que queria lançar concursos para constituir reservas de recrutamen­to centraliza­das, gerando “ganhos de eficiência” e facilitand­o a formação.

Contudo, tal como também explicou Mário Centeno, o lançamento destes concursos deveria ser precedido da apresentaç­ão de um plano plurianual de contrataçõ­es, detalhado por serviço, que nos termos da Lei do Orçamento do Estado para 2018 deveria ter sido divulgado até 31 de Maio. Quando em Agosto o Negócios referiu o atraso, o Ministério das Finanças garantiu que o plano seria divulgado “oportuname­nte”. Esta quinta-feira não respondeu às questões sobre o assunto.

José Abraão, dirigente da Fesap, explica que até aqui a regra era o lançamento de concursos para admitir, por exemplo, dez funcionári­os e deixar outros dez em reserva. “Agora, os ministé- rios da Justiça, das Finanças e da Economia podem lançar concursos para assistente­s técnicos”, ilustra. “É mais um instrument­o de controlo das admissões.”

Critérios favorecem candidatos mais novos

Será com base no mapa anual global de recrutamen­tos autorizado­s (o chamado MARA, que não é conhecido) que as Finanças podem pedir ao INA um concurso. O INA publica o despacho e designa o júri. Terminado o prazo de candidatur­as, que é de 10 a 15 dias úteis, o júri valida os candidatos.

De acordo com o projecto de portaria, os métodos de selecção a aplicar são a prova de conhecimen­tos (70%) e a avaliação psicológic­a (30%). Em caso de desempate têm preferênci­a os ex-contratado­s a termo, os que têm maior grau de habilitaçã­o, maior média final de curso, ou que não venham do privado, por esta ordem.

O projecto de portaria dá preferênci­a às candidatur­as electrónic­as e garante a divulgação de vagas para pessoas com deficiênci­a. São criadas regras para agilizar concursos maiores.

“Estes procedimen­tos centraliza­dos trarão evidentes ganhos de eficiência (...), permitindo dar adequada formação. MÁRIO CENTENO Ministro das Finanças, a 23 de Maio, no Parlamento

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António Costa anunciou a contrataçã­o de mil funcionári­os qualificad­os.

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