Esta orquestra não é para jovens
Entramos na histórica sala de ópera de Lisboa com a reverência de quem entra numa igreja. Qualquer ruído pode perturbar os músicos. Da tribuna presidencial do Teatro Nacional de São Carlos, onde já estiveram monarcas e chefes de Estado, temos vista privilegiada para o palco iluminado, onde a Orquestra Sinfónica Portuguesa (OSP) ensaia o Concerto para Violoncelo, de William Walton. A peça musical, escrita entre Fevereiro e Outubro de 1956 na ilha de Ischia, em Itália, faz parte do repertório que a OSP irá apresentar dias depois, no concerto dos seus 25 anos no Centro Cultural de Belém (CCB). O solista convidado é Johannes Moser, um jovem violoncelista germânico-canadiano que é já uma presença regular nas temporadas do São Carlos. O som do violoncelo tocado com vigor ecoa pela sala vazia e praticamente às escuras. Só os candelabros de cristal dos camarotes estão acesos. Quando termina a sua prestação, os músicos batem com as mãos ou com os arcos dos instrumentos de cordas na estante onde estão pousadas as pautas. É assim que os músicos se aplaudem. Moser, vestido com uma T-shirt preta, agradece. O concertino principal, Pedro Meireles, troca indicações com o solista. E Joana Carneiro, a maes-
A completar 25 anos, a Orquestra Sinfónica Portuguesa (OSP) reclama a abertura de concursos públicos que permitam a entrada de sangue novo nos naipes e evitem que muitos jovens talentos procurem oportunidades lá fora. Por outro lado, ainda está à espera, passados todos estes anos, de uma sala de ensaios e concertos nova. O Negócios acompanhou, no Teatro São Carlos, um ensaio antes do espectáculo comemorativo, que aconteceu a 25 de Novembro no CCB.