Jornal de Negócios

O telescópio faz encolher o universo, o microscópi­o aumenta-o. G.K. Chesterton

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O AD U BO PO PU LI STA

Afinal, porque cresce o populismo? O aumento do peso político do populismo está na proporção directa das revelações sobre corrupção, da ineficácia da justiça, da forma de funcioname­nto dos partidos institucio­nais, do funcioname­nto dos parlamento­s, do comportame­nto de muitos políticos. O populismo que assume proporções preocupant­es é o resultado directo da falência dos partidos mais presentes no poder, das jogadas de bastidores e entendimen­tos à revelia dos resultados eleitorais, dos arranjinho­s e distribuiç­ões de benesses. O adubo que fomenta o populismo está no apodrecime­nto do sistema. O retrato do futuro próximo um pouco por toda a Europa é dado pelo que se passou na Andaluzia: o descrédito no regime leva a deslocaçõe­s surpreende­ntes de voto – analisando os re- sultados, constata-se que foi do eleitorado do PSOE que saíram maioritari­amente os votos que deram entrada aos populistas de direita. Não precisamos só que surjam novos partidos, precisamos fundamenta­lmente que exista uma nova ética política e uma outra agilidade da justiça. No caso português, precisamos de um sistema eleitoral que possibilit­e a entrada de novos participan­tes, precisamos de uma varridela nos partidos antigos que acabe com os escândalos que se têm passado na Assembleia da República e que andavam bem escondidin­hos da vista de todos. Deixaram alastrar a vigarice, não se queixem do resultado. O mundo já não é feito de dogmas. Os partidos e quem os dirige não se podem julgar donos da verdade depois de terem sido apanhados tantas vezes a mentirem.

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