E S C RITO S TU RÍSTI C O S
Não é inédito: uma publicação periódica vai melhorando depois do primeiro número, afinando detalhes e estabelecendo asuaprópria identidade. No caso de Electra, arevista editada pela Fundação EDP e dirigida por José Manuel dos Santos, identidade ideológicaé coisaque não falta. Mas, nos primeiros dois números, houve alguma indefinição de temas, alinhamento e problemas gráficos. Neste terceiro número háum salto qualitativo – quer anível dadiversidade de conteúdos, do alinhamento editorial, quer anível gráfico e da edição fotográfica. O tema central desta edição é o turismo nos tempos actuais e o geógrafo Álvaro Domingues, em “Turismo On Fire”, aborda a evolução dos tempos, desde a viagem elitista à viagem democratizada pelo turismo massificado. Jean-Didier Urbain aponta que o turista actual é um viajante maltratado e considera que o turismo no nosso tempo não deve ser desclassificado, mas simencarado como umaverdadeiraexperiênciade viagem, tese criticada por Thierry Paquot, que defende ser urgente interromper o movimento crescente do turismo mundial, negando que o passeio turístico tenha agora alguma coisa a ver com o conceito de viagem. O arquitecto Pedro Levi Bismarck tem uma certeira observação sobre os efeitos do turismo nas cidades contemporâneas e o economistaÁlvaro Matias faz umaanálise dos ne ócios gerados pelo turismo, que classifica como uma exportação fácil. Turismo à parte, destaque para um livro de horas de Pedro Cabrita Reis, sob aforma de fac-símile de nove páginas dasua caligrafia e desenhos, a tinta-da-china sobre papel, que exemplificam alguns dos seus registos diários. Finalmente, uma menção ainda para o texto de Rui Chafes sobre as esculturas de Manuel Rosa, artista que, ao fim de vários anos, resolveu expor de novo as suas obras.