PS e PSD admitem sancionar deputados por falsos registos
Após mais um caso de registos falsos no Parlamento, PS e PSD admitem agora sancionar os deputados por esses comportamentos.
Os líderes parlamentares do PS e do PSD recuaram e admitem já castigar os deputados por casos de registos falsos na Assembleia da República. Na quarta-feira, depois de uma reunião extraordinária convocada por Ferro Rodrigues, todos os partidos recusaram sanções ou punições em casos de troca de passwords, presenças “fantasma” em plenário ou com despesas e o seu reembolso com viagens.
Mas ontem as duas maiores bancadas parlamentares admitiram avançar com sanções, depois de o Observador ter divulgado mais um caso de falsos registos em plenário. Na votação na generalidade do Orçamento do Estado, a deputada do PSD Mercês Borges votou pelo colega de bancada Feliciano Barreiras Duarte, que não estava no plenário. Mercês Borges, que era presidente da comissão de inquérito ao pagamento de rendas excessivas às eléctricas e coordenadora do PSD na comissão de trabalho, demitiu-se destes cargos, mas mantém-se como deputada.
Depois da demissão, o líder parlamentar do PSD, Fernando Negrão, considerou que este foi um “comportamento menos adequa- do” e, à Lusa, admitiu sanções partidárias mais duras para deputados. “Perante novos acontecimentos, novos comportamentos temos de alargar o âmbito das competências internas nos partidos”, afirmou , defendendo que o conselho de jurisdição nacional do PSD deve fazer uma reflexão sobre o assunto.
Já o líder parlamentar do PS, Carlos César, foi mais directo: a bancada socialista vai afastar os que comprovadamente tenham comportamentos fraudulentos, como falsas presenças ou falsas moradas. “Se se colocasse alguma das situações de que tenho ouvido falar, acho que essas pessoas não tinham o direito de permanecer no grupo parlamentar do PS”, declarou.
Na quarta-feira, o presidente do Parlamento recusou vir a ser o “polícia dos deputados”, bem como um esquema de ‘picar o ponto’, e exigiu “mais responsabilidade e responsabilização individual e colectiva” sobre registo de presenças.
“O que se exige é mais responsabilidade e responsabilização individual (de cada deputado) e colectivas (de cada grupo parlamentar), sancionando as irregularidades”, defendeu.