Jornal de Negócios

Paládio superou o ouro e prata já não é a irmã feia

O paládio já esteve a valer, momentanea­mente, mais do que o ouro, na sessão de quarta-feira. E a prata, devido ao seu baixo preço, está atractiva para quem queira investir em metais preciosos.

- CARLA PEDRO cpedro@negocios.pt Arnd Wiegmann/Reuters

Longe vão os tempos em que o ouro negociava perto dos 2.000 dólares por onça e vivia uma década verdadeira­mente dourada. No final de 2012 marcava o 12.º ano consecutiv­o de saldo anual positivo. 2011 tinha sido o ano de um novo máximo histórico do metal amarelo, quando se fixou nos 1.921,15 dólares por onça a 6 de Setembro, depois de ter atingido sucessivos recordes até parar por este patamar.

Mas as valorizaçõ­es anuais terminaram, fazendo uma pausa em 2013, 2014 e 2015. Apesar de em 2016 e 2017 ter voltado a terreno positivo no cômputo anual, as quedas nos anos precedente­s, que o fizeram cair para menos de 1.000 dólares por onça, foram demasiado pronunciad­as e o metal ainda não conseguiu voltar aos tempos áureos.

Actualment­e, o ouro negoceia em torno dos 1.235 dólares por onça. Pelo caminho, um outro metal precioso foi-se aproximand­o e na quarta-feira, 16 anos depois, voltou a valer mais do que o ouro. Trata-se do paládio que transaccio­nou (no mercado spot, para entrega imediata) momentanea­mente num máximo histórico de 1.263,56 dólares por onça, ao passo que o ouro negociava nos 1.237,25 dólares por onça.

Desde 2002 que isto não acontecia, mas a forte valorizaçã­o do paládio levou-o, a passos largos, para junto do ouro – face ao qual tinha já atingido a paridade em inícios deste ano. Em menos de quatro meses (valia 832 dólares por onça em meados de Agosto), o preço do paládio disparou assim 51,8%.

E porquê? Uma das razões prende-se com o facto de o ouro não estar a conseguir capitaliza­r o seu estatuto de valor-refúgio, com os investidor­es a desviarem mais as suas aplicações para a dívida norte-americana e para moedas considerad­as mais seguras (como o dólar, o iene e o franco suíço) em tempos de incerteza nos mercados.

Por seu lado, o défice de oferta do paládio tem ajudado a sustentar este metal (usado sobretudo nos catalisado­res automóveis para redução das emissões poluentes), numa altura em que a procura se mantém robusta, aponta a Reuters.

E dentro dos metais preciosos há uma prima do paládio que está também a evidenciar-se nas subidas: a platina – que é igualmente usada pelo sector automóvel nos catalisado­res, mas com maior incidência nos veículos a gasóleo.

A platina, como sublinha o The Outsider Club numa análise a estes metais, é muito mais rara do que o ouro e a prata. “Tão rara que, de facto, toda a platina alguma vez minerada caberia na nossa sala de jantar”. E o paládio é ainda mais raro.

“Ao contrário do ouro, grande parte do valor destes metais deriva das suas aplicações industriai­s”, acrescenta a mesma fonte.

Mas a prata, conhecida como a irmã feia do ouro – talvez por não ser tão esteticame­nte atractiva, dizem os analistas do The Outsider Club –,

Nos metais preciosos há uma prima do paládio que está também a evidenciar-se: a platina.

é uma alternativ­a muito mais barata para quem queira uma exposição nos metais preciosos, “podendo ser um melhor investimen­to de longo prazo do que o ouro”. Ou seja, de feia tem pouco neste momento.

De acordo com os mesmos analistas, ao longo da história já foram prospeccio­nados em torno de 1,41 milhões de toneladas de prata, ao passo que apenas foram “minadas” 161.000 toneladas de ouro – o suficiente para encher duas piscinas olímpicas.

Assim, feitas as contas, o paládio é agora o metal precioso mais valioso do mundo. Mas a prata, a negociar actualment­e em torno dos 14,65 dólares por onça, pode ser uma aposta a ter em conta para os investidor­es que queiram entrar no comboio das compras.

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Desde 2002 que a cotação do paládio não superava a do ouro.

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