No Montepio, ficou (quase) tudo na mesma
Tomás Correia venceu com 43%, mas perdeu a maioria absoluta. Eleições ficaram marcadas pelo aumento da abstenção: só votaram 10% dos associados. António Godinho e Fernando Ribeiro Mendes criticam processo eleitoral.
António Tomás Correia voltou a vencer as eleições para os órgãos sociais da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG), agora para o trénio 2019/2022, mas desta vez sem conseguir a maioria dos votos.
O actual presidente da associação conseguiu 43,2% dos votos na eleição realizada na sexta-feira. A lista C, encabeçada por António Godinho, ficou em segundo lugar, com 36,3% dos votos, e a lista B, de Fernando Ribeiro Mendes, em terceiro, com 20,5% dos votos.
A eleição ficou marcada pela fraca participação, inferior à anterior. Dos cerca de 460 mil associados, só 47 mil participaram no escrutínio, uma abstenção de 10%.
“Pela frente, espera-nos um mandato muito exigente, que apela à responsabilidade por que sempre nos pautámos, e que a candidatura institucional sempre levou muito a sério”, afirmou Tomás Correia, em comunicado, reconhecendo que “a exposição mediática a que a Associação Mutualista Montepio tem vindo a ser sujeita nem sempre tem sido pelas melhores razões”.
Os candidatos derrotados apontaram a fragilidade do novo mandato. António Godinho sublinhou “o facto de pela primeira vez a Lista A ter tido menos votos do que a soma dos votos das listas opositoras: isto quer dizer que Tomás Correia já não conta com o apoio expresso eleitoralmente da maioria dos asso- ciados da AMMG e deveria tirar consequências desse facto”.
“A lista vencedora das eleições obteve maioria relativa, o que sinaliza a extensão do sentimento de re- jeição da actual liderança, partilhado pela esmagadora maioria dos votantes”, frisou por sua vez Ribeiro Mendes. Sobre a abtenção, disse que ela “é uma manifestação incontornável da desconfiança que está instalada no Montepio e sintoma claro do anquilosamento do sistema de governo da mutualidade”.
Os dois deixaram ainda críticas à falta de isenção do processo eleitoral. “Estas eleições não foram nem justas, nem democráticas; entre as várias irregularidades, avultam o facto de a comissão eleitoral ser composta maioritariamente por membros da Lista A, que tomou todas as decisões favoráveis à incumbente”, atirou António Godinho.
Nos últimos anos, o Banco de Portugal impôs uma maior separação na gestão do banco e da associação mutualista, que entre 2008 e 2015 foi acumulada por António Tomás Correia, tendo vindo também a defender uma maior diferenciação entre as duas entidades.
Carlos Tavares vai manter-se como o presidente executivo da caixa económica. Os novos órgãos sociais da mutualista vão escolher o futuro “chairman”.
Candidatos deixaram críticas à falta de isenção da comissão eleitoral.