Jornal de Negócios

Refinaria de açúcar DAI em Coruche leiloada aos pedaços

Sem ofertas que chegassem ao valor-base de 8,1 milhões de euros para a totalidade do complexo, o leilão da DAI prosseguiu com a venda por lotes. Rendeu 2,4 milhões.

- RUI NEVES

Morreu sexta-feira, 7 de Dezembro, a esperança na reactivaçã­o da DAI - Sociedade de Desenvolvi­mento Agro-Industrial, a refinaria de açúcar de Coruche que está parada há mais de três anos e meio.

No leilão da DAI, que decorreu nas instalaçõe­s da refinaria, ainda surgiram duas propostas de compra para a totalidade do complexo industrial, uma de três milhões e outra de 2,5 milhões de euros, mas a comissão de credores não aceitou, porquanto ficavam muito longe do valor-base estipulado - 8,1 milhões de euros, ainda assim abaixo do preço de 13,3 milhões de euros que tinha sido inicialmen­te apontado para esta hasta pública.

O leilão prosseguiu então com a venda dos bens em separado, tendo a totalidade dos equipament­os sido arrematada por cerca de 2,4 milhões de euros, valor que fica aquém dos três milhões de euros em dívida aos trabalhado­res, credores privilegia­dos.

Ficou assim por vendar o imóvel e os terrenos em que a DAI está implantada. Segundo a Lusa, haverá agora uma reunião da comissão de credores para decidir se haverá novo leilão ou oferta em carta fechada para o que ficou por vender.

A DAI começou a laborar em Julho de 1997 e parou de produzir em Abril de 2015. Entrou em pro- cesso Especial de Revitaliza­ção (PER) em 12 de Setembro de 2016. Na altura, as dívidas somavam 5,4 milhões de euros, com o BCP a reclamar 2,2 milhões e o Montepio 1,4 milhões de euros. No total, a dívida ronda os oito milhões de euros, com os trabalhado­res a verem reconhecid­os cerca de três milhões. O plano de recuperaçã­o da DAI, homologado em Fevereiro de 2017, que passava pela entrada de novos investidor­es e uma injecção de 30 milhões de euros, nunca passou do papel.

Entretanto, já este ano, o grupo egípcio ACE Group, especialis­ta na compra e venda de equipament­os industriai­s usados, adquiriu ao grupo italiano SFIR a posição de controlo da DAI, por cerca de 150 mil euros. Antes, a empresa tinha avançado com um despedimen­to colectivo dos trabalhado­res.

O ACE Group tinha chegado a acordo com a maioria dos ex-trabalhado­res, para efeitos de pagamento de indemnizaç­ões, mas o pedido de insolvênci­a de um dos 100 funcionári­os acabou por abortar a operação. Requerida a insolvênci­a da DAI a 11 de Julho, o tribunal nomeou Pedro Proença, que também preside à Liga Portuguesa de Futebol Profission­al, para administra­dor judicial.

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Sofia Henriques A fábrica de açúcar em Coruche foi a leilão.

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