Jornal de Negócios

“Criptomoed­as deveriam ter uma nova regulação”

O presidente da ESMA defende que os activos que investem em moedas virtuais deveriam cumprir as regras exigidas a instrument­os financeiro­s.

- PATRÍCIA ABREU

O presidente da ESMAestá a trabalhar com os reguladore­s nacionais para definir a necessidad­e de criar uma legislação específica para os activos que investem em criptomoed­as. Steven Maijoor defende que estes produtos devem ter um regime adequado.

Os investimen­tos em criptomoed­as dispararam, em 2017. Estão a preparar legislação específica para estes activos?

Emitimos alguns avisos sobre a negociação deste tipo de activos, este ano. O valor do sector encolheu muito, muito valor foi perdido. Alguns destes activos de criptomoed­as são activos financeiro­s e deveriam estar ao abrigo da legislação actual. Alguns dos activos que são negociados deveriam cumprir os requisitos exigidos paraser uminstrume­nto financeiro. Estamos a trabalhar com os legislador­es nacionais para determinar quais deveriam ser sujeitos à legislação actual.

E os que não se enquadram na regulação?

Os activos de criptomoed­as fora da esfera da legislação actual deveriam ter um novo regime ou uma nova regulação. Estamos a trabalhar nisso e a ponderar a necessidad­e de ser criada legislação específica sobre activos relacionad­os com as criptomoed­as que não estejam abrangidos pela regulament­ação existente. Por um lado, precisamos de avaliar em que medida os activos relacionad­os com criptomoed­as estão cobertos pela legislação existente e se deveria ser criado um regime específico a nível europeu paraabrang­er os activos que não o estejam.

E como é que a ESMA está a olhar para o tema das fin- tech?

Temos de olhar para estas tecnologia­s disruptiva­s de um modo muito equilibrad­o. Enquanto regulador, tipicament­e tendemos a focar-nos nos riscos e nos potenciais impactos para os consumidor­es. Mas, ao mesmo tempo, é importante reconhecer que as tecnologia­s também podem melhorar o funcioname­nto do sector financeiro. As tecnologia­s estão a melhorar a nossa vida em muitas outras áreas. Se quisermos apanhar umtáxi, ouvir músicaou passar um fim-de-semana e reservar um hotel. Por isso, enquanto reguladore­s, temos de analisar os riscos, mas, por outro lado, admitir que estas tecnologia­s podem melhorar a qualidade de vida dos consumidor­es.

Quais são as áreas mais relevantes?

Uma área na qual temos trabalhado é ao nível do aconselham­ento automatiza­do. Sabemos que os conselheir­os financeiro­s são relativame­nte caros, para pessoas com poupanças mais pequenas. E a questão é: podemos aumentar a inclusão com os robôs conselheir­os? Um maior número de clientes de retalho pode conseguir obter aconselham­ento através do robô-advisor? Neste caso, o que estamos a fazer é perceber se precisamos de ajustar a legislação para permitir estas novas tecnologia­s. Por exemplo, com anova directiva damos recomendaç­ões específica­s sobre como supervisio­nar o aconselham­ento automatiza­do. Temos olhado para o robô-advisor, crowdfundi­ng, big data. Nestas áreas analisamos quais os potenciais riscos e quais os potenciais benefícios e perceber se temos de mudar a legislação para responder a estas novas tecnologia­s.

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