Jornal de Negócios

Banca fecha um balcão por dia desde a troika

Coimbra, Braga, Sintra e Cascais perderam mais de 20 agências | Veja o mapa dos concelhos onde existiram os maiores cortes | 10 mil trabalhado­res saíram desde 2011

- RITA ATALAIA ritaatalai­a@negocios.pt RÚBEN SARMENTO Infografia

“Portugal é um país de meias-tintas”

Os bancos nacionais continuam a fechar balcões. No último ano encerraram praticamen­te um balcão por dia, mantendo uma tendência que já dura desde o tempo da “troika”, de acordo com os dados para 2018 da Associação Portuguesa de Bancos (APB). Olhando para os últimos quatro anos, os concelhos de norte a sul do país e ilhas perderam um terço dos balcões das principais instituiçõ­es financeira­s portuguesa­s. Foi em Lisboa e Porto que se verificou a maior queda em termos absolutos, mas há vários concelhos que ficaram com menos 20 agências. E outros que contam com apenas um balcão para atendiment­o dos clientes.

De acordo com as contas do Negócios, com base nos dados da entidade liderada por Faria de Oliveira, os bancos fecharam 357 balcões entre 2017 e 2018, para 4.054 - desde 1995 que não havia tão poucos balcões. Esta descida, que tem marcado os últimos sete anos –desde o pico atingido em 2011 –, acontece num período em que o setor financeiro aposta fortemente na redução de custos. É o caso da Caixa Geral de Depósitos (CGD), que tem de fechar 180 agências até 2020, além de reduzir 2.000 trabalhado­res, mas também do Novo Banco, que continua a lidar com o legado deixado pelo Banco Espírito Santo.

Estes esforços levaram os dois bancos, além do Santander Totta, BCP e BPI, a retirarem 1.006 agências desta rede que deverá continuar a diminuir. De acordo

com os dados da APB, os principais bancos nacionais tinham 2.441 balcões em 2018. Este valor representa uma quebra de 30% em comparação com os 3.447 balcões que existiam em 2015, no primeiro ano depois da “troika” ter saído de Portugal, após a ajuda financeira prestada ao país, e a seguir à resolução do BES.

Apesar de esta descida ser generaliza­da em todos os concelhos, foi na capital que foi mais acentuada. Lisboa passou de ter 492 agências em 2015 para apenas 392 no ano passado. Ou seja, menos 100 balcões. O mesmo aconteceu no Porto, que registou uma quebra de 39. É um corte expressivo, mas também esperado, já que são as regiões que têm mais postos de atendiment­o e, por isso, para onde os bancos se viraram na hora de reduzir a estrutura. Foi o caso da CGD, que sinalizou no ano passado que “a maioria das agências a encerrar se situa nos maiores centros urbanos do país, com destaque para a Grande Lisboa e o Grande Porto”.

Há concelhos que só têm um balcão

Noutros concelhos, o desapareci­mento de agências também foi significat­ivo. Em alguns locais, fecharam mais de 20 agências em três anos. Foi o caso de Coimbra, que perdeu 24 entre 2015 e 2018, mas também de Braga e Sintra, que registaram uma descida de 20 e 22, respetivam­ente. Com descidas menos acentuadas, mas ainda assim relevantes, há ainda o exemplo de Santa Maria da Feira e de Leiria, com menos 15, Guimarães, que perdeu 10, mas também Matosinhos, que viu desaparece­rem 17.

Estes encerramen­tos foram ainda mais sentidos pelos concelhos que já tinham uma reduzida presença das instituiçõ­es financeira­s, levando mesmo algumas localidade­s a ficarem com apenas um balcão. Foi o que aconteceu em Vila Nova da Barquinha. Antes, este concelho podia contar com dois balcões, de acordo com os dados da APB. Também Vila Velha de Ródão tem apenas um balcão. Em sentido contrário seguiram concelhos das ilhas dos Açores, como Velas S. Jorge, Santa Cruz da Graciosa e São Roque do Pico, que registaram um aumento do número de agências.

Os planos de encerramen­to dos bancos, que têm provocado a contestaçã­o das populações em todo o país, têm permitido às instituiçõ­es reduzirem a sua estrutura, ao mesmo tempo que contribuem para os lucros. No ano passado, Santander Totta, CGD e BPI alcançaram resultados positivos de perto de 500 milhões de euros.

Vila Velha de Ródão e Vila Nova da Barquinha ficaram com apenas um balcão.

 ??  ??
 ?? Pedro Noel da Luz ?? A Caixa Geral de Depósitos deixou de ser o banco com mais balcões em 2017. Foi dos que mais fechou agências.
Pedro Noel da Luz A Caixa Geral de Depósitos deixou de ser o banco com mais balcões em 2017. Foi dos que mais fechou agências.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal