Jornal de Negócios

SAG admite perda total do seu valor se oferta de compra não tiver sucesso

- RUI NEVES ruineves@negocios.pt Miguel Baltazar

Acordada a venda do seu império automóvel à Porsche por um euro, o empresário João Pereira Coutinho tem em curso uma OPA sobre um grupo que irá ficar praticamen­te limitado à gestão de um fundo imobiliári­o, totalmente empenhado aos bancos, e com uma dívida bancária de 56,4 milhões de euros.

Após a venda do negócio principal dos automóveis à Porsche por um euro e perdões de dívida por parte dos bancos, operações acordadas e vertidas para Processos Especiais de Revitaliza­ção (PER) em curso, o que é que restará da SAG? Caso a transação se concretize, o novo grupo controlado pelo empresário João Pereira Coutinho, que lançou uma OPA sobre a sociedade, passará a ter uma dívida bancária de 56,4 milhões de euros e quatro ativos.

Um quarteto que se reduz praticamen­te aos 100% das unidades de participaç­ão, “integralme­nte empenhadas aos bancos credores”, que

a SAG detém num fundo imobiliári­o fechado denominado Imocar, que é gerido pela Norfin. Segundo o relatório e contas desta sociedade gestora, o valor líquido global deste fundo era de aproximada­mente 57,7 milhões de euros no final do ano passado.

De resto, “o principal inquilino do fundo” – a SIVA, que concentra o negócio a vender à Porsche – “debate-se com dificuldad­es que são públicas”, as quais “têm condiciona­do o pagamento pontual das rendas”, lê-se no relatório da Norfin, a que o Negócios teve acesso.

A “nova” SAG deterá também 40% do capital da Autolombos, uma sociedade que possui um espaço de reparação de carros e venda de usados em Carcavelos. No relatório e contas da SAG relativo a 2018 é dado conta que, a 22 de abril deste ano, o grupo adquiriu esta participaç­ão à Soauto – que passa para a Porsche – por 10,8 mil euros.

No mesmo dia, a SAG comprou por 49 mil euros à SIVA 100% da SIVA Defleet, uma “sociedade sem ativos e que atualmente não tem qualquer atividade”, refere o prospeto da OPA de Pereira Coutinho sobre a SAG. E há, ainda, “potenciais” créditos fiscais de 3,5 milhões de euros “em discussão” com o Fisco e pagamentos especiais por conta de 1,4 milhões de euros.

Acontece que, conforma enfatiza o prospeto da OPA, a totalidade destes ativos destina-se “exclusivam­ente a servir a dívida bancária e, na sua eventual venda, a amortizar dívida, tendo os bancos credores uma cláusula de ‘regresso de melhor fortuna’ que lhes permite vir a ressarcir-se da totalidade do seu crédito sobre a totalidade dos bens” da SAG. Resultado: “Não é previsível que venha a sobrar qualquer valor para distribuir aos acionistas da sociedade visada após o integral pagamento da dívida bancária.”

Caso a transação não se realize, incluindo a não conclusão com sucesso da OPA em curso, Pereira Coutinho alerta que a SAG “terá dificuldad­e em assegurar a sua solvência a curto prazo, motivando uma significat­iva perda de valor, eventualme­nte pela totalidade, para todos os acionistas”. O grupo espera finalizar a venda da SIVA à Porsche até 30 de setembro próximo, a qual está dependente de uma série de condições, entre as quais o sucesso da OPA.

Futura SAG ficará com 100% da Siva Defleet, sociedade sem ativos nem atividade.

A totalidade dos ativos existentes destinam-se exclusivam­ente a servir a dívida bancária (...), pelo que não é previsível que venha a sobrar qualquer valor para distribuir aos acionistas.

JOÃO PEREIRA COUTINHO

Prospeto da OPA à SAG

 ??  ?? João Pereira Coutinho lançou uma OPA sobre um grupo que vai ficar a gerir um fundo imobiliári­o e uma oficina automóvel.
João Pereira Coutinho lançou uma OPA sobre um grupo que vai ficar a gerir um fundo imobiliári­o e uma oficina automóvel.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal