Recapitalização “destrona” CGD na rede de agências
O banco estatal está a perder quota na rede de balcões em Portugal. O plano de recapitalização implementado levou a CGD a deixar de ser a entidade com mais agências, perdendo este lugar para o Crédito Agrícola.
ACaixa Geral de Depósitos (CGD) está a perder terreno na rede de balcões em Portugal. O corte de agências, mas também do número de colaboradores, foi ditado pelo plano de recapitalização implementado pelo banco liderado por Paulo Macedo. Foi este plano que acabou por fazer com que a Caixa deixasse de ser a entidade com mais agências, cedendo este lugar ao Crédito Agrícola.
De acordo com as contas do Negócios, com base nos dados da Associação Portuguesa de Bancos (APB) para 2018, a CGD tinha 573 balcões no ano passado, um valor que compara com 764 em 2015. Ao longo destes quatro anos, o banco passou de uma quota de 15,5% para 14,1%. Isto é o resultado do acordo assinado entre o Estado português e a Comissão Europeia, que definiu o encerramento de 180 balcões até 2020, além da saída de 2.000 trabalhadores, como contrapartida pela recapitalização do banco público feita em 2017. Neste ano, a Caixa tinha 650 agências.
Foi precisamente em 2017 que o Crédito Agrícola, com 666 unidades, ultrapassou o banco estatal e conquistou a liderança em número de agências em território nacional. Agora, e apesar de ter registado uma quebra entre 2015 e 2018, o banco chefiado por Licínio Pina mantémse no topo do “ranking ” com 659 balcões. Em março do ano passado, o presidente do Crédito Agrícola deixou uma garantia: o banco ia manter as agências em regiões do país onde outras instituições financeiras estão a sair. “Onde outros veem dificuldades, nós vemos oportunidades”, disse então Licínio Pina. Já este ano o gestor admitiu
“a prazo” a possibilidade de vir a fechar vários balcões no interior.
Novo Banco fecha 200 em quatro anos
O fecho de balcões não é, porém, exclusivo do banco estatal, nem do Crédito Agrícola. Também o Novo Banco tem vindo a reduzir a sua estrutura, passando de 579 para 375 balcões em quatro anos, e com a quota das suas agências em todo o país a cair de 11% para 9%. O banco liderado por António Ramalho, que nasceu com a resolução do Banco Espírito Santo, no verão de 2014, está igualmente a fazer uma reestruturação que passa pela “limpeza” de ativos tóxicos do seu balanço, como é o caso de crédito malparado e imóveis. Neste processo, a entidade continua a registar resultados negativos. No ano passado, o prejuízo foi de 1.412 milhões de euros, o que levou o Novo Banco a pedir um novo reforço de capital ao Fundo de Resolução de 1.149 milhões de euros.
A perder terreno está também o Santander Totta e o BPI. No caso do banco liderado por Pedro Castro e Almeida é preciso ter em conta que a entidade integrou tanto o Banif como o Banco Popular. Ou seja, ficou com os balcões e colaboradores destas duas instituições financeiras. No mesmo período também o banco liderado por Pablo Forero sofreu uma quebra de 165 agências, com a quota a cair para 10%, em comparação com os anteriores 12%.
Este desaparecimento das agências tem provocado contestação das populações, sobretudo no interior do país, mas também a crítica por parte das autarquias. Além de estarem a perder o atendimento presencial, estão também a assistir a uma diminuição das caixas automáticas. De acordo com números recentes da SIBS, havia 11.162 caixas multibanco em Portugal, em 2018, o que representa uma descida de quase 13% em sete anos.