LUÍS MOITA
A reconversão da máquina diplomática é inevitável
“Portugal não é um país intelectual. Também não é um país comercial. É um país de meias-tintas”, dizia em 2006, numa entrevista a Helena Silva Costa, escritora AGUSTINA BESSA-LUÍS, falecida a 3 de junho de 2019. As palavras adiadas chegam agora aos leitores. “Treze anos anos depois, desfiam--se nas suas palavras as memórias da língua. Por acaso? Por inércia? Pouco importa. Memórias da língua francesa e não só. O seu tom divertido e desafiante deixava adivinhar que não era uma mulher de ‘meias-tintas’”, recorda a autora da entrevista, que chegou à fala com a escritora no Porto, a propósito da promoção da língua francesa na região. “A minha iniciação literária fez-se pela literatura francesa, que me marcou muito. O francês, na literatura, foi sempre um guia para mim”, dizia-lhe, então, a grande escritora portuguesa. “É inevitável a reconversão da máquina diplomática”, diz LUÍS MOITA, um dos coordenadores do Estudo da Estrutura Diplomática Portuguesa, elaborado pelo OBSERVARE, o Observatório de Relações Exteriores da Universidade Autónoma de Lisboa (UAL). Esta investigação fez um raio-X à rede diplomática e propõe alguns caminhos para os “novos tempos”. Entre as medidas sugeridas, estão a redução de 20 embaixadas, sobretudo na Europa, o reforço da representação na Ásia e África, a redefinição das funções diplomáticas e a criação de embaixadores itinerantes temáticos e das chamadas embaixadas radiais, refere, em entrevista a Filipa Lino, o diretor do departamento de Relações Internacionais da UAL, doutorado em Ética pela Universidade Lateranense, em Itália.