Jornal de Negócios

Destas camadas de que somos feitos

Pensar a cidade em que vivemos. Pensá-la em conjunto, pensá-la para o futuro. O Teatro do Bairro Alto só nasce no final do ano. Até lá, convida os lisboetas (os de gema e todos os outros que escolheram viver na capital) a descobrir a sua própria cidade.

- WILSON LEDO

Aabertura de um teatro devia s e r s e mpre motivo de fe sta. O Teatro do Bairro Alto só inaugura, oficialmen­te, no último trimestre do ano. E teremos de esperar até lá para poder e s prei tar? A re s posta é simples e redonda: não.

Francisco Frazão, o diretor artístico, tem um “cartão de visita ou uma declaração de inte nçõ e s ” p ara di stri b ui r j á a partir desta s exta- fe ira, 14 de j unho. Chama- s e “(Quas e ) ” , um programa de pré-abertura em que o Teatro do Bairro Alto se dá a conhecer à vizinhança.

A nova sala de espetáculo­s nasce naquela que foi a casa da Cornucó p i a, a co mpanhia de L uí s Miguel Ci ntra, durante longos anos. “Foi um teatro importantí­ssimo”, recorda Francisco Frazão. Agora, nesta nova

fase, é preciso voltar a trazer a cidade para dentro do teatro.

Haveria melhor forma de o fazer do que começar pela rua? O Te atro do Bairro Al to que r ab ri r- s e a Li s b o a, ao p e nsamento sobre a cidade. Por isso, as s ete p ro p o stas artí sti cas – entre a instalação, a conferênci­a e a “performanc­e” – do programa “(Quase)” têm esse pendor bem vincado.

“Queremos pensar a cidade do subterrâne­o ao miradouro. Pe nsar a cidade co mo camadas”, explica o direto r artístico. Em “Gardens Speak”, o público tem acesso ao subterrâne­o: a artista libanesa Tania El Khoury recupera os jardins da Síria que ocultam os corpos de ativistas e manifestan­tes antirregim­e. O público é convidado a dei tar- s e no chão e o uvi r os testemunho­s destes homens e mulheres que acabaram debaixo da terra por causa dos ideais que defendiam.

Já a vista privilegia­da sobre a cidade, no miradouro, chega através de propostas como a de Andy Field. Em“Lo okout”,o criador britânico junta as crianças de uma escola primária com o público (adulto) do espetáculo. Juntos, com vista sobre Lisboa, imaginam o futuro da cidade.

Por agora, a nova sal ade espetá cu los de Lisboa está em obras, vazia,àes pera de uma nova vida. Francisco Frazão já tema primeira programaçã­o orientada. “O Teatro do Bairro Alto tem uma ideia de especializ­ação do experiment­al, do emergente e do internacio­nal”, sintetiza. Nas escolhas, o diretor artístico combina a linha do extinto Maria Matos Teatro Municipal coma experiênci­a dasuaúl tim aexperiênc­iaà frente da Culturgest.

“Há uma herança de que somos feitos ”, diz. Talco mo uma cidade, também um programado­r cultural é feito de camadas.

O PROGRAMA DE SETE ESPETÁCULO­S, ENTRE 14 DE JUNHO E 7 DE JULHO, É UM CONVITE PARA QUE LISBOA CONHEÇA O FUTURO TEATRO DO BAI RRO ALTO.

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