Jornal de Negócios

“Curriculum deve ser apenas uma base para recrutar”

O “curriculum” deve servir apenas como base para o recrutamen­to de profission­ais, defende Fernando Neves de Almeida. O responsáve­l da Boyden diz também que as empresas estão a dar mais atenção à escolha de administra­dores não executivos.

- PEDRO CURVELO pedrocurve­lo@negocios.pt

Ocurrículo não deve ser visto como o fator mais importante no recrutamen­to, mas sim como uma ferramenta de base, defende, em entrevista ao Negócios, Fernando Neves de A lmeida, fundador da Neves de Almeida – HR Consulting e “managing partner” da Boyden. “O escrutínio de uma pessoa não pode ser feito pelo ‘curriculum’ que tem em termos escritos, num papel”, sublinha, acrescenta­ndo que, “na Boyden, nunca avaliamos o mérito de uma pessoa pelo curriculum. Este serve de base para nós termos uma conversa, para perceber o que fez em cada sítio, porque saiu de um sítio para outro e qual a lógica dessas mudanças”.

Para Neves de Almeida, “uma avaliação apenas curricular” não chega, já que “tem de se ir um bocadinho mais fundo na forma como se avaliam as pessoas, que é o que as empresas de recrutamen­to profission­al fazem”. E assegura que tem havido uma procura crescente por parte das empresas de processos de recrutamen­to feito de forma profission­al.

Neves de Almeida está nesta atividade desde 1997 e a Boyden encontra-se em Portugal desde 1985. Desde os primórdios, mesmo antes da entrada do gestor na empresa, a Boyden tinha alguns clientes portuguese­s, de grande dimensão e multinacio­nais. Mas “à medida que os anos foram passando nota-se que está a haver uma procura também de empresas portuguesa­s mais pequenas”, explicando-o até pela existência de uma nova geração de empresário­s e empreended­ores. As

empresas a partir do momento que ficam com determinad­a massa crítica e capacidade de comprar serviços - porque o “executive search” é um serviço de consultori­a – “optam por este tipo de recrutamen­to”, diz.

Ainda assim esta tendência é mais notada em empresas portuguesa­s de média dimensão. Para Neves de Almeida, a procura não é, no entanto, a um nível desejável, mas nota-se “um grande aumento da procura”, resume. Nota, mesmo, que se “está a abandonar a cultura de contratar amigos e familiares, o chamado ‘family and friends’, que normalment­e acaba por ter custos a médio/longo prazo. Não se gasta no imediato mas depois gasta-se por via daquilo que não se ganha por não se ter escolhido a pessoa certa”, defende o responsáve­l.

Há mais administra­dores não executivos profission­ais

Este recrutamen­to junto de amigos e família era, também, na ótica do mesmo responsáve­l, prática nas escolhas dos administra­dores não executivos. Até por uma questão de forma, “tinham de lá estar para fazer número. Não acrescenta­vam valor”, diz.

Mas também aqui Fernando Neves de Almeida diz assistir-se a uma mudança em Portugal.

“A figura dos administra­dores não executivos em Portugal começou a ganhar ultimament­e uma certa relevância”, o que o responsáve­l atribui “única e exclusivam­ente” à banca. O Banco Central Europeu (BCE) passou a ter de aprovar toda a administra­ção, incluindo os membros não executivos. “E isso gerou um movimento de fazer recrutamen­to de administra­dores não executivos também por ‘executive search’, que se espalhou a empresas de outros setores.”

Lá fora, os administra­dores

“[Antigament­e] os administra­dores não executivos não acrescenta­vam valor às empresas. FERNANDO NEVES DE ALMEIDA “Managing partner” da Boyden

 ?? Bruno Colaço ?? Fernando Neves de Almeida, “managing partner” da Boyden, diz que administra­dores não executivos já são recrutados de forma mais profission­al.
Bruno Colaço Fernando Neves de Almeida, “managing partner” da Boyden, diz que administra­dores não executivos já são recrutados de forma mais profission­al.

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