A ideologia não trata o cancro
A Câmara de Vila Franca de Xira (CDU) não quer o fim da PPP do hospital da região. A Câmara de Loures, também CDU, e a de Braga (PSD) dizem o mesmo sobre os hospitais da sua zona.
Porque é que as autarquias não alinham na bebedeira ideológica do “estão-a-entregar-a- Saúde-ao-grande capital” veiculada “ad nauseam” pelos partidos que as dirigem (Braga, do PSD, é uma exceção)? Porque sabem que aquelas unidades hospitalares prestam serviço público, embora com gestão privada. Ou seja, as autarquias sabem perfeitamente que os hospitais da região prestam melhor qualidade de serviço do que outros… geridos exclusivamente pelo Estado.
E o que está na base dessa diferença de qualidade? A inexistência de um modelo de Gestão eficiente e a falta de investimento (o Estado não tem dinheiro).
Porque é que no pior momento da vida do SNS desde a sua criação, há partidos a baterem-se selvática e irracionalmente pelo fim das PPP (o debate entre Bloco, PCP, PS, PSD e CDS, na última terça-feira, na RTP 3, foi elucidativo…)?
Porque são populistas: acham que quanto mais campanha fazem pelo fim das PPP, mais votos ganharão (suspeito que estão enganados). E porque receiam a comparação entre hospitais de gestão pública e os hospitais PPP.
Por outras palavras, estão-se nas tintas para quem espera anos por uma consulta, meses por um exame, meses para ser tratado a doenças graves (vg oncológicas). E estão-se nas tintas para os doentes que se amontoam em macas nas Urgências. O que conta é a ideologia. Por ela fazem tudo. Francamente: é preciso ser-se muito estúpido.