Jornal de Negócios

A ideologia não trata o cancro

- CAMILO LOURENÇO Jornalista de economia camilolour­enco@gmail.com

A Câmara de Vila Franca de Xira (CDU) não quer o fim da PPP do hospital da região. A Câmara de Loures, também CDU, e a de Braga (PSD) dizem o mesmo sobre os hospitais da sua zona.

Porque é que as autarquias não alinham na bebedeira ideológica do “estão-a-entregar-a- Saúde-ao-grande capital” veiculada “ad nauseam” pelos partidos que as dirigem (Braga, do PSD, é uma exceção)? Porque sabem que aquelas unidades hospitalar­es prestam serviço público, embora com gestão privada. Ou seja, as autarquias sabem perfeitame­nte que os hospitais da região prestam melhor qualidade de serviço do que outros… geridos exclusivam­ente pelo Estado.

E o que está na base dessa diferença de qualidade? A inexistênc­ia de um modelo de Gestão eficiente e a falta de investimen­to (o Estado não tem dinheiro).

Porque é que no pior momento da vida do SNS desde a sua criação, há partidos a baterem-se selvática e irracional­mente pelo fim das PPP (o debate entre Bloco, PCP, PS, PSD e CDS, na última terça-feira, na RTP 3, foi elucidativ­o…)?

Porque são populistas: acham que quanto mais campanha fazem pelo fim das PPP, mais votos ganharão (suspeito que estão enganados). E porque receiam a comparação entre hospitais de gestão pública e os hospitais PPP.

Por outras palavras, estão-se nas tintas para quem espera anos por uma consulta, meses por um exame, meses para ser tratado a doenças graves (vg oncológica­s). E estão-se nas tintas para os doentes que se amontoam em macas nas Urgências. O que conta é a ideologia. Por ela fazem tudo. Francament­e: é preciso ser-se muito estúpido.

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