País precisa de importar 70% do que exporta em carros
Desde 2017 que a produção automóvel disparou, o que se refletiu num aumento considerável das exportações. Contudo, mais de dois terços (70%) daquilo que é vendido ao exterior tem primeiro de ser importado. As conclusões constam de uma análise dos economistas do Banco de Portugal (BdP) publicada no Boletim Económico de outubro.
“Na análise do setor automóvel é importante ter em conta que o seu contributo para o crescimento da atividade económica não pode ser avaliado apenas pelo seu impacto na evolução das exportações, sendo necessário considerar também o contributo das importações associadas a essas exportações”, defendem.
A maior parte destas importações têm origem na Alemanha, seguindo-se Espanha, França, Reino Unido e, mais recentemente, a China. Por setores de atividades, as importações têm origem sobretudo no próprio setor automóvel, mas também no setor de manutenção e reparação assim como na categoria de outros serviços de apoio às empresas. Ao ter elevado conteúdo importado, o setor automóvel contribuiu menos do que se poderia pensar para a balança comercial. Ainda assim, o setor tem uma importância significativa na economia portuguesa: equivale a 0,9% do VAB (valor acrescentado bruto) e a 1% do emprego.
O setor também compara bem na sua vertente exportadora, em parte por causa da relevância do investimento direto estrangeiro, e nos indicadores de produtividade, remunerações médias e rácio de investimento. Na comparação europeia, Portugal está a meio da tabela no peso do setor no VAB e nas vendas ao exterior face ao total das exportações de bens.