Jornal de Negócios

Qual é a diferença entre ter um deputado ou um grupo parlamenta­r?

Uma sala, tempos mais curtos de intervençã­o em plenário e subvenções mais baixas em função dos votos. Eis o que espera os novos partidos que agora chegam ao Parlamento e que, tal como o PAN em 2015, elegeram apenas um deputado.

- FILOMENA LANÇA filomenala­nca@negocios.pt Pedro Catarino

Quando foi eleito, em 2015, o deputado do PAN passou a ter direito a uma sala de trabalho no Parlamento. Para si e para as pessoas que com ele ficaram a trabalhar, cinco, ao todo, que tiveram de se apertar durante os dois primeiros anos, altura em que lhe foi atribuído mais um espaço. “Uma sala pequena, sem janelas, num dos pisos de baixo, mas que foi muito bem recebida”, explica um das assessoras. São as vicissitud­es de um partido que tem apenas um deputado e a que se juntam outras, como subvenções mais reduzidas ou tempos de intervençã­o em plenário mais baixos, proporcion­ais à representa­tividade.

O PAN, que no passado domingo fez crescer para quatro o número de deputados, passa agora a contar com outras condições de trabalho, mas o seu caso servirá de exemplo ao Chega, Livre e Iniciativa Liberal, que chegam agora à Assembleia também apenas com um deputado eleito.

As questões logísticas – onde ficará instalado cada partido – não estão ainda fechadas, até porque o novo Parlamento só reunirá pela primeira vez por direito próprio dois dias depois do apuramento geral ( já com os votos dos emigrantes), a 16 de outubro. De acordo com o gabinete do secretário-geral do Parlamento, Albino Soares, “ser-lhes-á atribuído espaço físico de trabalho em função da reorganiza­ção que será feita de gabinetes, atentos os números de deputados dos 7 grupos parlamenta­res”, mas para já não há decisões sobre estes aspetos logísticos.

O facto de um partido ter apenas um deputado eleito reflete-se também no palco que tem no Parlamento, mas será na primeira reunião da conferênci­a de líderes depois da tomada de posse – na qual os partidos só com um deputado não estão presentes –, que serão estabeleci­das as grelhas de tempos para a nova legislatur­a.

Três minutos contra um

A grelha de tempos determinar­á a duração das intervençõ­es dos deputados de cada partido nos vários tipos de debates a realizar no Parlamento, dependendo da respetiva representa­tividade. A regra geral, de acordo com o Regimento da Assembleia da República, é que nos debates em plenário os grupos parlamenta­res e o Governo dispõem de três minutos cada enquanto os deputados não inscritos e os deputados únicos representa­ntes de um partido têm apenas um minuto. O Livre anunciou ontem que vai pedir tolerância de tempo para a sua deputada, devido à gaguez de Joacine Moreira.

Na grelha de tempos da última legislatur­a ficou definido que quando fosse debatido o programa de Governo, o PSD (com maior número de deputados) teria 48 minutos, enquanto o PAN teria apenas cinco. Estas tempos terão agora de ser todos revistos e incluídos na lista os três novos partidos.

O regimento estabelece também que cada deputado único tem direito a três declaraçõe­s políticas por cada sessão legislativ­a. Já os grupos parlamenta­res podem produzir uma semanalmen­te.

A conferênci­a de líderes irá, também, definir os lugares que os deputados ocuparão no Hemici

clo, tendo em conta a tradição que já vem da Revolução Francesa e que manda pôr a esquerda à esquerda e a direita à direita.

Outro aspeto a ter em conta são as subvenções que todos recebem desde que consigam mais do que 50 mil votos. Tendo em conta que pela lei do financiame­nto dos partidos políticos cada voto vale anualmente 2,905 euros, o Chega deverá receber 193 mil euros, o Iniciativa Liberal 190 mil e o Livre cerca de 162 mil. Cada deputado (tenha ou não grupo parlamenta­r) tem ainda direito a outra subvenção anual para encargos de assessoria para a atividade política e partidária em que participem e para outras despesas de funcioname­nto, no valor de 1.764, 8 euros paga em duodécimos.

A atribuição de gabinetes e as grelhas de tempo no parlamento serão decididas só depois da tomada de posse.

 ??  ?? Antes do PAN, em 2015, também a UDP (1980) e o PSN (em 1991) tinham tido um deputado único.
Antes do PAN, em 2015, também a UDP (1980) e o PSN (em 1991) tinham tido um deputado único.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal