A PO LÉ M I CA D O C LI MA
Judith A. Curry é uma climatologista americana, que dirigiu a Escola de Ciências Atmosféricas e da Terra do Georgia Institute of Technology, publicou numerosos estudos sobre alterações na atmosfera e nos oceanos e foi galardoada pela Sociedade Americana de Meteorologia pelos estudos que desenvolveu sobre o aquecimento global e os furacões. Nos últimos anos, tem tomado posições contrárias à corrente mais catastrofista, denunciando métodos de previsão baseados em dados insuficientes e falta de rigor científico. “Alterações Climáticas, o que sabemos, o que não sabemos” é o seu novo livro, agora editado em Portugal, pela Guerra & Paz. Trata-se de uma obra de pensamento aberto que afirma a incerteza científica face a um pretenso unanimismo de redução do aquecimento global a uma única causa. Numa época em que o alarmismo campeia e se gerou uma intensa vaga emocional que quase proíbe o exercício de qualquer pensamento crítico, Judith Curry defende uma única solução: o método científico, a necessidade de lidarmos com a incerteza, o reconhecimento efectivo do que não sabemos. Curry opõe-se ao actual consenso, que considera desvirtuar o método científico e ser determinado por razões políticas e discorda, nomeadamente, que a causa humana seja o factor dominante das alterações climáticas. O livro alerta-nos para a perigosidade de uma hipótese excessivamente simplificada monopolizar toda a investigação científica, uma hipótese para a qual, segundo a autora, há provas observacionais insuficientes e que se baseia em modelos climáticos inadequados para estabelecer as causas do aquecimento recente. Ora aqui está bom combustível para alimentar a polémica.