Minor espera momento certo para vender mais Tivoli
Minor vai usar operações de “sale & leaseback” para maximizar o retorno.
Em 2016, o grupo Minor fechou a compra de 14 hotéis do antigo GES, desembolsando um total de 294 milhões de euros. Este ano, com a venda de apenas três destas unidades, já recuperou a quase totalidade do investimento. E admite continuar a vender.
Com a venda de apenas três unidades, o Minor International já recuperou a quase totalidade do capital disponibilizado para a compra dos 14 hotéis Tivoli, a marca hoteleira que pertencia ao falido Grupo Espírito Santo (GES). E não deverá ficar por aqui. Não decorre, para já, qualquer processo de venda destas unidades, mas o grupo tailandês admite que a “rotação de ativos” será um dos meios utilizados para maximizar o retorno dos investimentos. Está só à espera do “momento e circunstâncias certas”.
A aquisição dos Tivoli passou por várias fases. A cadeia hoteleira era controlada pela Rioforte e entrou em dificuldades financeiras logo em 2014, na sequência da resolução do Banco Espírito Santo (BES) e colapso do GES. A Rioforte iniciou, por essa altura, um processo de venda dos hotéis, que deveria ter sido concluído até ao final de 2014. Só que a empresa do universo Espírito Santo que geria as sociedades do setor não financeiro entrou em insolvência, levando a um impasse negocial que impedia a entrada de um novo investidor. Com a Rioforte falida, a cadeia de hotéis também acabou por entrar em Processo Especial de Revitalização (PER), no qual se contavam 822 credores.
A Minor, que já tinha estado em negociações com a Rioforte na primeira tentativa de venda, volta a entrar em cena em janeiro de 2015, com a compra de seis hotéis da marca portuguesa, por 168 milhões de euros. Em junho desse mesmo ano, a Espírito Santo Hotéis, através da qual a Rioforte controlava os Tivoli, falhou um acordo com os credores e declarou insolvência. Em fevereiro de 2016, a Minor comprou os Tivoli que faltavam. A fatura final ficou nos 294,2 milhões de euros, pelos 14 hotéis da marca.
Três anos depois, o grupo tailandês já saiu a ganhar com o negócio. No passado mês de junho, vendeu ao fundo norte-americano Invesco três dos hotéis que havia comprado – o Tivoli Avenida da Liberdade, o Tivoli Oriente e o Avani Avenida da Liberdade (antigo Tivoli Jardim) – por 313 milhões de euros, numa operação de “sale & leaseback”, que implica que os hotéis passem a ser geridos pelo grupo espanhol NH Hotel, subsidiário da Minor, sob acordos de arrendamento que têm um período inicial de 20 anos e podem ser estendidos até 60 anos.
O negócio gerou uma mais-valia de 62 milhões de euros e elevou para mais de 20% a taxa de retorno do investimento feito na compra dos Tivoli. Para além disso, a Minor recupera a quase totalidade do valor investido em 2016, ao mesmo tempo que mantém em carteira 75% do EBITDA (resultados antes de juros, impostos, depreciação e amortização) que tinha adquirido. E o valor da mais-valia, refere ao Negócios fonte oficial do grupo, poderá ainda ser revisto. O número final deverá ser divulgado nos resultados do terceiro trimestre.
As operações de venda não deverão ficar por aqui. Em resposta ao Negócios, a Minor afirma que, “neste momento”, não há proces
sos de alienação a decorrer, mas admite esse cenário no futuro. “A estratégia de rotação de ativos, como operações de ‘sale & leaseback’, será um dos nossos meios para aumentar o retorno e maximizar o valor acionista, no momento e circunstâncias certas.” No portefólio da Minor contam-se ainda nove hotéis Tivoli em Portugal e dois no Brasil.
Apesar de fatores como o Brexit ou as falências de grandes operadores como a Monarch e da Thomas Cook, que têm algum impacto negativo sobre o turismo nacional, as perspetivas são de que o setor continue a apresentar crescimento e que o mercado português se mantenha atrativo para os investidores.
No primeiro semestre deste ano, o investimento em hotelaria em Portugal totalizou 469 milhões de euros, segundo os cálculos da Cushman & Wakefield. Este foi o valor mais elevado de sempre já registado no país e fica a dever-se, precisamente, à venda dos três hotéis Tivoli, que representou mais de 66% do montante total investido.