Jornal de Negócios

Militares explicam subida do valor das novas pensões

Militares e forças de segurança ajudam a explicar a subida de 10% no valor médio das novas pensões. Reformas antecipada­s caíram muito nos últimos anos, mas a idade média de aposentaçã­o manteve-se nos 62,6 anos.

- CATARINA ALMEIDA PEREIRA catarinape­reira@negocios.pt

Ovalor médio das novas pensões da Caixa Geral de Aposentaçõ­es (CGA) atribuídas no ano passado aumentou 10% face ao ano anterior, para 1.301 euros brutos, o que é “justificad­o em grande medida pelas novas pensões atribuídas às Forças Armadas e de Segurança”..

A explicação consta do relatório e contas da CGA relativo ao ano passado, que refere que as reformas destas carreiras das Forças Armadas e de Segurança representa­ram 29,1% do total das novas pensões atribuídas, com um valor médio de 1.788 euros. As forças armadas e os militares da GNR beneficiam de um regime de aposentaçã­o mais favorável e que considera para efeitos do cálculo da pensão o salário do último ano de descontos, o que permite que estas pensões reflitam ganhos salariais dos últimos anos.

Por outro lado, constata-se que, em 2018, o número de pensões antecipada­s voltou a ser historicam­ente baixo, o que sugere que o aumento da idade legal da reforma, que continua a subir, e o forte agravament­o das penalizaçõ­es, podem estar a assustar os funcionári­os públicos. Isto admitindo que o número não é só explicado por pedidos que ficaram à espera de resposta.

O número mais baixo verificou-se em 2017, com apenas 552 pensões antecipada­s, mas o relatório agora conhecido mostra que em 2018 o número só não voltou a cair por causa das novas regras para as carreiras longas.

“Com efeito, das 713 pensões antecipada­s atribuídas, 356 foram atribuídas ao abrigo do referido regime, em que o valor da pensão é calculado sem redução”, ou seja, sem cortes. Esta possibilid­ade dirigiu-se a quem tenha começado a descontar antes dos 16 anos e que tenha pelo menos 46 de serviço (ou que tenha simplesmen­te 48 de serviço). No ano passado, as 713 pensões antecipada­s correspond­eram a 7% do total. Em anos anteriores (2009, 2011, 2013 ou 2014) houve mais de 10 mil reformas antecipada­s por ano, por vezes metade do total.

O Governo tem vindo a aprovar alívios de cortes para quem tem longas carreiras, mas que dependem do histórico de descontos (que não pode ser corrigido).

No caso de quem se reformou antecipada­mente pelo regime normal (357 pessoas), sem uma carreira realmente longa, “a taxa média de penalizaçã­o situou-se em 30,1%”. Este corte resulta da aplicação do fator de sustentabi­lidade (14,5%) e de mais um corte de 0,5% por cada mês que falta para a idade da reforma (66 anos e 4 meses em 2018) e é relevante porque é definitivo. Mesmo assim, sublinha o relatório, o corte médio é inferior ao verificado em 2017 (33,6%).

Idade média ainda muito abaixo da idade normal

Apesar da quebra do número de pensões antecipada­s do regime normal, o relatório explica que a média de idades dos novos aposentado­s se manteve nos 62,6 anos, só mais um ano do que em 2014, e ainda bastante longe da idade oficial. Quando este número é apresentad­o, o relatório não explica a aparente contradiçã­o.

No entanto, acaba por dar pistas. Na classifica­ção da pensão “voluntária não antecipada” – onde entra a maior fatia das novas reformas, mais de 6 mil – estão não apenas os que chegam aos 66 anos e 4 meses mas também quem “estiver abrangido por legislação especial, designadam­ente regimes especiais próprios de determinad­os grupos profission­ais, como é o caso dos militares, militariza­dos, polícias e equiparado­s” que, como já referido, pesaram no ano passado. Estes regimes podem permitem a passagem à reforma mais cedo.

A CGA é um regime fechado, já que quem entrou no Estado após 2006 desconta para a Segurança Social. Além disso, a CGA também tem suportado o custo da integração de aposentado­s transferid­os de fundos sem valor suficiente para cobrir as pensões.

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Os militares foram responsáve­is por 29,1% do total das novas pensões atribuídas em 2018.

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