Mota-Engil acena com juro de 4,375% em nova emissão
À semelhança da SIC e da TAP, que já realizaram emissões de dívida para o retalho este ano, a Mota-Engil avançou com uma nova operação de obrigações a cinco anos. A taxa é, segundo os analistas, “atrativa”, mas há que ter em conta os riscos.
Os investidores nacionais podem dar ordens de subscrição a partir da próxima segunda-feira na oferta pública de subscrição (OPS) de obrigações da Mota-Engil. A operação, anunciada esta quinta-feira, paga um juro bruto de 4,375%. Uma taxa que deverá garantir a procura para a empresa colocar o valor pretendido: 75 milhões de euros.
“Haverá certamente procura para estas operações, uma vez que são instrumentos bastante atrativos para os investidores”, realça Nuno Caetano. O analista da Infinox alerta, porém, que “os investidores têm de ter noção de que estas operações têm um certo risco associado”. Dito isto, o mesmo especialista nota que, “no entanto, a taxa é atrativa para os investidores, já que as baixas taxas de juro provocam a procura por instrumentos alternativos de investimentos”.
A companhia liderada por Gonçalo Moura Martins propõe-se pagar uma taxa de juro bruta de 4,375%, a mesma paga pela TAP em maio, por um prazo de cinco anos. Cada obrigação terá o valor unitário de 500 euros, sendo exigido um investimento mínimo de três obrigações. Ou seja, 1.500 euros. O valor total da OPS é de 75 milhões de euros, sendo que o montante da emissão pode ser aumentado por decisão da empresa antes do fim do prazo de subscrição.
Além da OPS, a empresa está ainda a avançar com uma oferta pública de troca (OPT), dando oportunidade aos investidores que compraram obrigações da companhia nas emissões realizada em julho de 2015 (65,9 milhões de euros) e em junho de 2018 (25 milhões de euros), para trocarem estes títulos por novas obrigações na emissão que vai decorrer nas próximas duas semanas.
Os títulos emitidos em 2015 pagam uma taxa de juro bruta de 3,9% e chegam à maturidade já em fevereiro de 2020. As obrigações emitidas no ano passado pagam uma taxa de juro variável indexada à Euribor a 6 meses acrescida de uma margem de 3,50%. O reembolso destes títulos está agendado para 21 de junho de 2021.
Por cada Obrigação Mota-Engil 2020 a empresa pagará uma das novas obrigações a emitir (Obrigação Mota-Engil 2024), além de um prémio em numerário de 5,04 euros. Por cada Obrigação Mota-Engil 2021 serão en
tregues 20 Obrigações Mota-Engil 2024 e um prémio em numerário no valor de 169 euros.
Além desta contrapartida, os detentores de obrigações já emitidas que aceitem a oferta recebem os juros corridos desde o último pagamento: 4,71 euros por cada Obrigação Mota-Engil 2020 e 127,36 euros por cada Obrigação Mota-Engil 2021.
No último mês de novembro, aquando do apuramento de resultados da última emissão para o retalho, Gonçalo Moura Martins realçava que a oferta permitiu estender maturidades e admitia novas ofertas de troca no futuro.
Tal como em qualquer operação deste género é preciso não esquecer os riscos. Para Nuno Caetano, “os principais riscos da operação são a empresa não cumprir com o desígnio do prospeto”. “No entanto, três novos contratos garantem à Mota-Engil mais 327 milhões com projetos em Portugal, Angola e Moçambique, mantendo-se também bastante ativa no Brasil, o que tem levado as suas ações a responderem de forma bastante positiva”, remata.