“PS e governo quase conseguiram transformar um processo nebuloso numa condenação pública.”
A 5 de julho de 2019 o Parlamento aprovou uma recomendação do PSD, que aconselhava o Governo a reconsiderar a expansão do Metro de Lisboa (“linha circular”). Razão: não havia base técnica que justificasse a obra (é só ouvir o professor Nunes da Silva, do Técnico).
Naquela votação, o PS, que parece ter muito interesse na obra, absteve-se. Cinco meses depois o Governo, passando por cima de tudo, abre concurso para fazer a obra.
Esta semana o Parlamento suspendeu o projeto. Foi um sururu: governantes a chorar baba e ranho (Duarte Cordeiro perdeu as estribeiras; Matos Fernandes repetiu o papel de virgem ofendida que exibe sempre que alguém contesta decisões do Governo – v.g. lítio), autarcas a revelarem laivos de prepotência (Fernando Medina)… Também não faltaram os bonzos do costume, que aparecem sempre que o partido precisa deles.
Quando se escalpeliza o processo, descobre-se que há mais “vaporware” do que “realware”. O mesmo é dizer, que este episódio se assemelha cada vez mais às “estórias” que já vimos nos últimos anos (sim, o lítio é um bom exemplo). Com cheiro nauseabundo… para dizer o mínimo. E não fora o esforço de alguns a expor as falhas do processo, o país a esta hora estaria convencido de que se cometeu uma atrocidade.
Tiro o chapéu a este “spin”. PS e Governo quase conseguiram transformar um processo nebuloso numa condenação pública de um bando de “irresponsáveis” que não se importam de perder 83 milhões de fundos comunitários. Chapeau: nem José Sócrates, que já era uma sumidade do “spin”, conseguiu ser tão eficaz.
Para o fim fica uma sugestão para os defensores deste processo: tentem ser menos descarados…