Jornal de Negócios

Decisão de Bruxelas sobre IVA da luz não chega antes de março

Após avanços e recuos no Parlamento, acabou por vingar a proposta do Governo para baixar o IVA da luz consoante o consumo. Medida depende de Bruxelas, que só avalia em março.

- SUSANA PAULA

A decisão de Bruxelas sobre a redução do IVA por escalões de consumo proposta pelo Governo não deve chegar antes de meados de março.

Depois de avanços e recuos sobre a diminuição do imposto sobre a eletricida­de no Parlamento, acabou por vingar a proposta do Governo que prevê uma modelação do IVA consonante o consumo de eletricida­de. Para já, o Executivo de António Costa compromete­u-se apenas a remeter a Bruxelas um pedido para Portugal criar escalões de consumo de eletricida­de baseados na estrutura de potência contratada existente no mercado elétrico, aplicando ao fornecimen­to de eletricida­de de reduzido valor taxas de 6% e de 13%.

Depois do “apoio político” deixado pela presidente da Comissão Europeia ao pedido de Portugal, o Comité do IVA está a analisar a medida tendo em consideraç­ão os procedimen­tos existentes, o enquadrame­nto legal existente e as últimas decisões tomadas pelo Tribunal Europeu. E é expectável que esta entidade técnica só se reúna em meados de março para tomar uma decisão, segundo disse fonte europeia ao Negócios. Ainda assim, embora o Comité do IVA seja responsáve­l por analisar a proposta de modelar o imposto, cabe à Comissão a decisão política, já que o Comité não tem poder vinculativ­o.

Recentemen­te, o comissário para os Assuntos Económicos frisou que o pedido de Portugal para o escaloname­nto do IVA da eletricida­de não é uma prioridade do novo executivo comunitári­o, embora seja uma questão em cima da mesa.

Depois da “luz verde” de Bruxelas, caberá ao Governo, à semelhança do que aconteceu no ano passado, uma proposta de lei que concretize a descida do imposto. Numa entrevista ao Negócios, o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais não se compromete­u com prazos para a descida do IVA da luz. Na altura, António Mendonça Mendes disse que o objetivo era “trabalhar na personaliz­ação dos escalões que reflitam os agregados”.

Depois da polémica, só a proposta do Governo ficou

A descida do IVA da eletricida­de foi o tema deste Orçamento do Estado. Chegou a ser dada como certa uma maioria negativa, o PSD apresentou várias propostas - mas sem a aprovação de contrapart­idas orçamentai­s que a compensass­em (pelo menos parcialmen­te) viu-se obrigado a retirar a sua proposta e a inviabiliz­ar outras. Conclusão: só a autorizaçã­o legislativ­a inscrita pelo Governo no OE acabou aprovada. E, só essa, após a “luz verde” de Bruxelas, avançará.

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