Jornal de Negócios

G R AVU R AS E C E R ÂM I CAS

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Nos últimos tempos, têm-se realizado diversas exposições que procuram proporcion­ar o acesso alargado a obras de artistas que não estamos habituados a ver expostos em Portugal. Algumas dessas exposições são organizada­s por entidades privadas, cuja actividade é promover mostras alargadas que circulam em diversos países, como aconteceu recentemen­te com as exposições de Escher e de Henri Cartier-Bresson, realizadas em Lisboa e no Porto. Por outro lado, entidades ligadas a autarquias, como o Centro Cultural de Cascais ou o Palácio Anjos, em Algés, entraram no roteiro de circulação de exposições internacio­nais com acesso gratuito. Em Cascais, por exemplo, realizaram-se mostras de fotografia­s de Norman Parkinson e de Herb Ritts, nunca antes exibidas em Portugal. E, agora, no Palácio Anjos, o Município de Oeiras promoveu a exposição “Picasso, Mestre Universal”, que inclui 66 obras de pintura, cerâmica e litografia­s provenient­es de colecções particular­es. A exposição, que é de entrada gratuita e estará patente até 30 de Abril, mostra peças como a primeira série gráfica de Picasso, a “Suite dos Saltimbanc­os”, iniciada em 1904, até um exemplar da sua última produção em cerâmica, de Março de 1971, finalizada dois meses antes da morte do artista – a cerâmica foi, aliás, o suporte mais trabalhado por Picasso nos seus últimos anos de vida. Outra das obras é a série de litografia­s “Suite Sable Mouvant”, de que aqui se reproduz uma das imagens. Outra sugestão: a série de fotografia­s “Trinus”, de Cláudio Garrudo, o resultado de uma experiênci­a de viagem a bordo de um navio cargueiro, volta ser exibida, com imagens inéditas, na Casa da América Latina (Avenida da Índia 110), até 27 de Fevereiro, por ocasião dos 500 anos da viagem de Fernão de Magalhães.

CAN Ç ÕE S DA BALE IA BRANCA

Jaime Fernandes, um amigo que já partiu, e que foi um dos grandes homens da rádio e da televisão em Portugal, ensinou-me a descobrir e a gostar da música country, numa época em que muitos desconside­ravam esse género musical. Nos seus programas de rádio dedicados à country e em numerosas conversas, o Jaime foi alargando os meus conhecimen­tos sobre a matéria. Lembro-me do dia em que me falou de Terry Allen e de um dos seus primeiros trabalhos, o magnífico “Lubbock (On Everything)”. Ao longo da sua carreira, Allen já gravou mais de uma dezena de discos de originais, três deles neste século. “Just Like Moby Dick” é o mais recente e acabou de sair (está disponível no Spotify). O álbum foi gravado em Austin com um grupo de músicos bem conhecidos da área da country e com produção de Charlie Sexton, ele próprio uma lenda musical. A voz grave e quente de Terry Allen percorre histórias por vezes fantástica­s, frequentem­ente irónicas, numa sucessão de episódios que só acidentalm­ente evocam o Moby Dick de Melville com um fino humor. Allen, que é também um artista plástico reconhecid­o, fez incluir, nos vários formatos da edição, desenhos que fez a propósito das suas canções e das personagen­s que as habitam. Uma das novidades do disco é a voz de Shannon McNally, sempre presente, e que além de cantar com Allen faz um dueto fantástico com Sexton. A qualidade de Shannon é bem comprovada no tema em que a sua voz mais se destaca, “All These Blues Go Walkin’By”. Outra novidade é o facto de cinco das canções serem compostas em co-autoria com vários músicos da Panhandle Mystery Band, que o acompanham ao longo dos 12 temas. Este Moby Dick é um encanto. Já há quem diga que é o melhor trabalho de sempre de Terry Allen.

MASSA M U ITO CAS E I R A

Um dos mais interessan­tes restaurant­es italianos de Lisboa, o Ruvida, comemorou agora um ano de vida. Tem uma esplanada acolhedora e uma sala que tem o benefício de lá se poder seguir o processo de preparação da massa artesanal utilizada no restaurant­e. Há um menu de almoço a 16 euros que muda todos os dias e uma lista com propostas bem variadas, incluindo uma secção dedicada a pratos confeccion­ados com produtos da estação. E é essa a que prefiro. Mas comecemos pelas entradas, em que destaco a mousse de mortadela, ricotta de ovelha, parmesão e pistácio. No Ruvida, tudo é feito à mão, sem usar máquinas, e o único utensílio utilizado para estender a massa é o tradiciona­l rolo de madeira. Nesta altura do ano, na secção “le proposte del momento,” surgem três pratos de pasta de diferentes formatos: passatelli in brodo (massa feita com parmesão, pão ralado e ovos) cozinhada num caldo de vaca e frango capão; outra possibilid­ade é triangoli di patate su veluttata di funghi di stagione – aqui, os triângulos de massa são recheados de batata e azeite aromatizad­o com louro, sobre um creme aveludado de cogumelos; e, por fim, a minha escolha foi gargati ricchi al consiero, uma receita do Norte de Itália, da região de Vincenza, que leva uma pasta em forma de macarrões, mas mais curtos, finos e quase maciços. Agarram muito bem o sabor de quatro carnes diferentes, salteadas em banha, e cozinhadas com ervilhas tortas, brócolos e abundante salsa picada. O Ruvida fica na Praça da Armada 17 e tem o telefone 213 950 977.

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