Finca-pé da Rússia adia acordo da OPEP+ 600 MIL BARRIS POR DIA
O comité técnico do cartel recomendou a redução de 600 mil barris para combater os efeitos do coronavírus. No entanto, nenhum acordo foi alcançado, uma vez que a Rússia diz que é cedo para tomar medidas.
O comité técnico da OPEP+, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e os seus aliados liderados pela Rússia, recomendou um corte extraordinário de produção em mais 600 mil barris por dia, para amenizar o impacto que o coronavírus está a ter nos preços da matéria-prima. A decisão teve o apoio de todos os países representados, menos de um: a Rússia.
De um lado, a Arábia Saudita pressionou os restantes países para que se cortasse a produção entre 800 mil e um milhão de barris por dia. No entanto, dada a resistência russa, o cartel foi obrigado a prolongar a reunião para o terceiro dia.
No final das negociações em Viena, na Áustria, a generalidade dos países concordou em executar um corte extraordinário de 600 mil barris por dia, mas nenhum acordo foi alcançado, uma vez que Moscovo diz ser demasiado cedo para se tomar decisões quanto ao impacto do vírus com origem na China.
Mesmo que o comité técnico da OPEP+ chegasse a um consenso, a sua função é apenas a de recomendação dos ministros da energia e de petróleo dos países que pertencem ao cartel. Para que as suas recomendações sejam postas em prática é preciso que os ministros se reúnam e decidam executar.
Este encontro de três dias antecede a reunião da OPEP+ marcada inicialmente para 5 e 6 de março (mas que deverá ser antecipada, falando-se em 14 e 15 de fevereiro, segundo a Reuters) e destinada a fazer um balanço do novo corte de produção anunciado na última reunião, em novembro, altura em que o cartel definiu uma redução adicional da oferta, de 500 mil barris por dia, para os primeiros três meses de 2020 – o que faz com que o corte total da oferta de crude no mercado se tenha fixado nos 1,7 milhões de barris por dia.
Uma disputa pelo melhor preço
A Arábia Saudita, o maior exportador de petróleo do mundo, queria ver os preços da matéria-prima em níveis superiores, uma vez que o setor petrolífero representa cerca de metade do PIB (produto interno bruto) do país e cerca de 70% do valor total das suas exportações, segundo o site da OPEP. Ainda para mais a sua coqueluche estatal, a Saudi Aramco, agora cotada em bolsa, só tem a ganhar com uma nova subida de preços.
A Rússia poderia pôr em cima da mesa a hipótese de prolongar os cortes de produção extraordinários (na ordem dos 500 mil barris diários) acordados em dezembro do ano passado, com vencimento em março deste ano, mas mostrou-se intransponível em avançar com medidas adicionais. Até porque a economia russa é mais resiliente aos baixos preços do petróleo do que a saudita.
A procura de petróleo diminuiu em cerca de 20% na China por dia, país que consome cerca de 14 milhões de barris diariamente – o que equivale às necessidades agregadas de França, Alemanha, Itália, Espanha, Reino Unido, Japão e Coreia do Sul, uma “magnitude apenas semelhante à provocada pela crise financeira de 2008 e 2009”, segundo Jeffrey Currie, analista de “commodities” do Goldman Sachs, disse à Bloomberg. Valor recomendado pelo comité técnico da OPEP+ a ser cortado na produção dos 24 países representados no cartel.