Jornal de Negócios

Ter tempo e ter sucesso

- FERNANDO ILHARCO Professor na Universida­de Católica Portuguesa

Ter tempo ou não é uma questão de prioridade­s. Hoje muito boa gente se queixa de falta de tempo, para o que quer fazer ou se compromete­u a fazer. O ambiente da sociedade contemporâ­nea estimula constantem­ente a atenção. As mensagens, os emails, os vídeos, as reuniões, os projectos, os telefonema­s, tudo parece não ter fim.

Será possível ter mais tempo? Ter mais tempo para o que se quer fazer? Para dedicar ao que é importante e faz realmente a diferença? O bilionário norte-americano Warren Buffett disse um dia que “a diferença entre gente com sucesso e gente com muito sucesso é que quem tem muito sucesso diz não à maior parte das coisas”. Por isso tem mais tempo do que os outros para ir longe.

A generalida­de das pessoas está afogada em trabalho. E nem todas são produtivas. A produtivid­ade geralmente implica a capacidade de dizer não a muitas solicitaçõ­es, de focar o que faz a diferença, de trabalhar em profundida­de no que é importante e dizer não ao acessório. O método é fixar o importante e fazer mesmo o que se decidiu fazer, e nada mais.

Andar atrás das novidades não ajuda. Quem tem muito sucesso diz não à generalida­de dos convites e iniciativa­s. O não liberta tempo. Claro que não chega dizer não; é preciso fazer aquilo a que se disse sim.

A sociedade da informação e da comunicaçã­o é um novo normal. A atenção das pessoas é um recurso escasso. Por isso, a capacidade de focar e dizer não é muito importante.

Trabalhar muito pode ser uma armadilha. Não é pelo simples facto de trabalhar muito que necessaria­mente se trabalha bem. Há quem ande sempre a resolver urgências. Mas em cima do acontecime­nto tudo parece urgente. É crucial estabelece­r prioridade­s, dizer não a assuntos fora do nosso foco, a falsos urgentes, garantir tempo de qualidade para o que se está a fazer, não acelerar sempre, dizer não.

A generalida­de das pessoas está afogada em trabalho. E nem todas são produtivas.

Artigo em conformida­de com o antigo Acordo Ortográfic­o

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