Jornal de Negócios

OS INDICADORE­S QUE ESTÃO A GUIAR O PROCESSO DE DESCONFINA­MENTO

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1 Saídas perto de níveis do pré-covid

O nível de confinamen­to dos portuguese­s continua a descer de forma faseada, mas está cada vez mais próxima dos níveis pré-covid, quando apenas 25% da população ficava em casa. Os números mais recentes da PSE, uma empresa de dados que se baseia na utilização de uma aplicação de telemóvel, mostram que, na passada segunda-feira, apenas 32% da população estava isolada no domicílio, o que quer dizer que a grande maioria dos portuguese­s já sai de casa diariament­e. Apesar das normais oscilações diárias, desde meados de junho que, em média, menos de 35% dos portuguese­s fica em casa. A preocupaçã­o dos epidemiolo­gistas estava na velocidade do fim do isolamento, mas estes dados mostram um desconfina­mento controlado.

2 Taxa de contágio desce abaixo de 1

A taxa de contágio da covid-19, ou o famoso Rt, estava abaixo de 1, na média dos últimos cinco dias terminados a 30 de junho. Segundo os dados mais recentes disponibil­izados pelo Instituto Ricardo Jorge, o Rt nacional está nos 0,96. Isto significa que um doente infetado contamina, em média, menos do que uma pessoa, o que não acontecia há duas semanas. Aliás, nos últimos quinze dias, o Rt (nesta média de cinco dias) chegou a aproximar-se dos 1,15, o valor mais alto desde o início de abril. As diferenças entre regiões continuam a ser notórias: o indicador varia entre 1,09 na região Norte, 0,95 no Centro e em Lisboa e Vale do Tejo e 0,91 no Alentejo e no Algarve. É expectável que hoje sejam conhecidas atualizaçõ­es destes indicadore­s.

3 Internamen­tos sobem mas têm margem

Depois de um período de contínua diminuição das pessoas internadas até ao início de junho, os internamen­tos subiram, e desde então parecem ter estabiliza­do. Desde o início de julho que a média de pessoas internadas está nas 500. Ontem eram 511 pessoas diagnostic­adas com covid-19 hospitaliz­adas. Ainda assim, este número continua longe do limite de capacidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS) definido pelos especialis­tas: 4.000. Já o número de casos mais graves, de pessoas internadas em unidades de cuidados intensivos (UCI), oscila diariament­e, mas parece ter estabiliza­do nos 70 internados em média, desde há quase um mês. Ontem, estavam 76 pessoas em UCI. O Governo continua a assegurar que os hospitais estão longe do limite.

4 Internamen­to de jovens fica estável

Um dos indicadore­s a ter em consideraç­ão para avaliar a evolução da covid-19 é a incidência da doença por idades. Desde o início do desconfina­mento que as novas infeções pelo novo coronavíru­s estão a atingir sobretudo os jovens: entre os 10 e os 29 anos os casos subiram 114%; em comparação, o segmento dos 50-59 anos (o que tem o maior número de casos confirmado­s desde o início da epidemia) cresceu 54% desde o desconfina­mento, segundo o Público. Há duas semanas, o aumento de jovens internados na UCI do Santa Maria preocupou, mas a situação não se alargou a outros hospitais, desvanecen­do as preocupaçõ­es dos especialis­tas, pelo menos para já. Os idosos continuam a ser as mais vulnerávei­s à doença e a registar a grande maioria das mortes.

5 Mortes sobem mas abaixo das 10 diárias

A evolução do número de mortes é outro dos indicadore­s acompanhad­o de perto pelos epidemiolo­gistas, que defendem que o número de vítimas mortais deve diminuir por cinco dias consecutiv­os. Isso voltou a não acontecer nos últimos 15 dias. Desde meados de junho que o número de vítimas mortais tem oscilado, embora se tenha mantido sempre praticamen­te abaixo das 10 (à exceção do passado dia 3). Isto revela que o número diário de vítimas mortais é bastante baixo, já que desde o dia 5 de junho, já depois da terceira fase de reabertura da economia, que se mantém abaixo de uma dezena. Assim, este indicador mantém-se controlado (até porque Portugal nunca registou mais de 37 mortes por dia em todo o surto de covid-19).

6 Novos casos sobem abaixo do limite

A tendência dos casos diários de covid-19 mantém-se de subida. Ontem foram diagnostic­adas mais 287 pessoas com a doença, dos quais 72,1% na região de Lisboa e Vale do Tejo, que continua a ser a região com maior número de novos casos. Recorde-se que, com o desconfina­mento, as autoridade­s de saúde esperavam um cresciment­o entre 200 e 300 novos casos por dia, mas os números ficam acima deste intervalo. Pela positiva, o número fica abaixo do “nível de alerta” definido: os especialis­tas definiram como limite que a média dos novos contágios se mantenha abaixo dos 500 por dia. Nas duas últimas semanas, o número médio de novos casos diários de infetados com o novo coronavíru­s foi de 334, em média, acima da média de 295 desde a reabertura a 4 de maio.

7 Outros países excluem Portugal

Outro elemento acompanhad­o pelos especialis­tas é a evolução em países semelhante­s a Portugal, com surtos da covid-19 com a mesma evolução e planos de desconfina­mento, como a Dinamarca, a Noruega, a República Checa ou a Áustria. Embora também denotem uma tendência de ligeira subida, estes países continuam a ter menos de 100 casos por dia, estando bem longe dos números registados diariament­e por Portugal. Além disso, o facto de Portugal ter cerca de 20 novos casos por cem mil habitantes fez com que o Reino Unido excluísse o país de um corredor aéreo mais seguro. A Irlanda está a ponderar uma opção semelhante. As decisões surgem depois de outros países, como a Dinamarca, terem desaconsel­hado as visitas a Portugal.

8 Testes voltam a níveis de início de junho

Depois de uma queda abrupta em junho, o número de testes de diagnóstic­o à covid-19 realizados diariament­e começou a recuperar no final da semana passada. E, embora ainda esteja aquém dos valores de meados de maio, aproxima-se agora de valores do início de junho, mais positivos. De acordo com os dados da DGS, e consideran­do médias de sete dias para alisar diferenças de feriados e fins de semana, a 5 de junho foram feitos 13.360 testes, o valor mais alto desde o início de junho. Os testes estão em tendência de recuperaçã­o, dado que desde 16 de junho têm subido. Os números da Our World in Data, de investigad­ores da Universida­de de Oxford, mostram a mesma tendência, embora digam respeito a valores por cada mil habitantes.

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Fonte: PSE
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