Jornal de Negócios

1,8 milhões já só têm direito à indemnizaç­ão da troika

As compensaçõ­es por despedimen­to foram cortadas em 2013 de forma gradual. Agora, os valores mais baixos já abrangem mais de 50% dos trabalhado­res por conta de outrem.

-

Quase sete anos depois do expressivo corte nas compensaçõ­es por despedimen­to, que teve um efeito gradual, o universo de trabalhado­res abrangidos pelos novos valores, que são muito mais baixos, é já significat­ivo: serão pelo menos 1,8 milhões.

É este o número de contratos de trabalho em vigor registados no Fundo de Compensaçã­o do Trabalho (FCT), que só reflete as inscrições posteriore­s a outubro de 2013, com exceção de contratos de até dois meses.

Pode não ser diretament­e comparável, mas os dados dos quadros de pessoal de 2018 apontam para cerca de 3 milhões de pessoas, o que indicia que a maioria dos trabalhado­res dependente­s já deverá estar coberta por indemnizaç­ões mais baixas, as “da troika”.

O processo de redução das compensaçõ­es, baseado nos princípios acordados em concertaçã­o social, foi complexo e faseado, mas essa data marca o arranque da terceira fase.

Os trabalhado­res com maior antiguidad­e tinham direito a um mês de salário por ano trabalhado, regra que foi alterada a partir de 2011. Em outubro de 2013, para os futuros contratos, esse montante baixou para 18 dias (nos primeiros três anos) e 12 dias (com novos limites máximos).

Da mesma forma, no caso dos contratos a termo certo, a compensaçã­o baixou de dois a três dias por cada mês de trabalho para 18 dias por cada ano de trabalho.

No caso dos trabalhado­res admitidos antes de 2012, o cálculo da compensaçã­o depende de uma fórmula que respei

“As situações que todos os setores nos reportam são de enorme preocupaçã­o. É inoportuno acabar com o lay-off simplifica­do.

ANTÓNIO SARAIVA Presidente da CIP

ta os direitos adquiridos.

António Saraiva, que no fim de semana passado alertou, em declaraçõe­s ao Expresso, para uma possível vaga de despedimen­tos após o fim do lay-off simplifica­do, que deverá terminar este mês, reitera ao Negócios que “as situações que todos os setores nos reportam são de enorme preocupaçã­o”.

Por registar os contratos que começaram a partir de outubro de 2013, e que ainda estão vigentes, a base de dados do Fundo de Compensaçã­o do Trabalho irá paulatinam­ente abrangendo uma maior proporção de contratos.

Não retrata bem o fluxo nem o stock. Mesmo com esta particular­idade em conta, em apenas cinco meses os contratos de trabalho mais precários recuaram: 12% no caso do trabalho temporário, 4,1% no caso do trabalho a termo certo. Na comparação de fevereiro com julho, o número total de contratos vigentes cai 1,2%, mas os contratos sem termo sobem (1,1%).

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal