Pessimismo dos americanos deixa Trump em “piores lençóis”
Um estudo publicado pelo FT mostra que os eleitores norte-americanos estão mais receosos quanto a uma deterioração da pandemia e pessimistas quanto a uma recuperação económica célere. A reeleição de Donald Trump nunca esteve tão ameaçada.
Agestão presidencial da crise pandémica e a perspetiva de uma crise económica severa ameaçam “fazer a cama” de Donald Trump e inviabilizar a reeleição do Presidente dos Estados Unidos. De acordo com o estudo de opinião ontem publicado pelo Financial Times, 49% dos eleitores norte-americanos admitem temer que a pandemia assuma ainda maiores proporções nas respetivas comunidades ao longo do próximo mês. Este valor comporta uma enorme degradação das perspetivas dos cidadãos, pois há um mês apenas 35% temiam tal cenário.
Além de anteciparem uma deterioração da pandemia nos Estados Unidos, os americanos mostram-se também mais pessimistas quanto à recuperação económica. Somente 37% dos inquiridos acreditam que a maior economia mundial estará totalmente recuperada no espaço de um ano, valor que representa uma descida face aos 42% observados no mês passado.
Este indicador é particularmente nefasto para as possibilidades de reeleição de Trump na medida em que o magnata nova-iorquino pretendia chegar às eleições de 3 de novembro apresentando a gestão da economia como o seu principal trunfo. A quebra económica, e em particular o aumento do desemprego, resultante das medidas de contenção da pandemia, ameaça estragar os planos da atual administração norte-americana.
Trump incapaz de recuperar
Esta segunda-feira foi também atualizado o barómetro Gallup, mostrando que a taxa de aprovação do Presidente permanece nos 38%, inalterada face ao passado mês, e que dista pouco do mínimo de 35% registado por Trump em 2017. Configura ainda uma relevante descida relativamente à aprovação de 48% obtida em maio (valor que permitiu a Trump empatar o máximo desde que chegou à Casa Branca).
Este estudo Gallup reitera também a noção de que nunca a política e sociedade norte-americanas estiveram tão polarizadas. Trump beneficia do apoio de 91% dos eleitores republicanos consultados e de apenas 2% dos inquiridos democratas – esta diferença de 89 pontos percentuais é a maior alguma vez registada pela Gallup.
Gestão da pandemia beneficia Biden
O candidato presidencial democrata, Joe Biden, tem vindo a afirmar-se como favorito e beneficia já de uma confortável vantagem sobre Trump em torno dos 10 pontos percentuais. No final de junho, a média de sondagens calculada pela Rear Clear Politics atribuía nove pontos percentuais de vantagem a Biden sobre o candidato incumbente.
Todavia, essa diferença poderá estar a agravar-se. Um estudo de opinião da Monmouth University, divulgado no domingo pela CNN, dava 53% das intenções de voto ao antigo vice-presidente de Barack Obama e 41% ao candidato do Partido Republicano
Tanto as intenções de voto como os índices de aprovação de Trump apresentam uma tendência de queda nas últimas semanas, penalizando a gestão da crise sanitária feita pelo Presidente, assim como a forma como lidou com o caso do assassinato de George Floyd pela polícia.
Esta tendência é sobretudo visível nos estados do Sul e Leste, onde o surto da covid-19 surgiu com maior severidade. É o caso de estados como o Texas, Florida, Arizona ou Georgia – Trump bateu Hillary Clinton em todos eles nas presidenciais de 2016.