Jornal de Negócios

“Aprendemos com este prémio que a saúde sustentáve­l não é uma miragem”

Para Ana Paula Martins, bastonária da Ordem dos Farmacêuti­cos, o prémio pode este ano fazer o reconhecim­ento do que “foram boas práticas, liderança e encontros com o futuro” na resposta da Saúde à covid-19.

- FILIPE S. FERNANDES

“Ocontexto da pandemia em que decorre a edição do Prémio Saúde Sustentáve­l 2020 não deixaria que este ficasse alheio ao enorme desafio que enfrenta toda a sociedade”, considera José Mendes Ribeiro, economista na área da Saúde, autor do livro “Saúde Digital” e membro do júri desde a primeira edição. Maria de Belém Roseira, ex-ministra da Saúde, e um dos membros mais antigos do júri, referiu que “é natural que num ano marcado, de forma avassalado­ra, pela covid-19 o júri tenha pretendido identifica­r projetos que se tenham destacado em termos de reinvenção eficaz de luta contra um inimigo tão perigoso e tão desconheci­do”.

Por sua vez, Ana Paula Martins, bastonária da Ordem dos Farmacêuti­cos, referiu que os sistemas de saúde, o tecido científico, empresaria­l, social, os agentes políticos, a sociedade, tiveram de se organizar “de forma absolutame­nte nova e muito rápida para responder a um desafio que na história das atuais gerações é fundamenta­lmente diferente de tudo o que até agora vivemos”.

Garantir resposta

O que mobilizou profission­ais, cientistas, universida­des, o SNS e as unidades de saúde que prestam serviços de saúde nos setores social e privado foi “garantir que havia resposta à covid-19 e a toda a atividade assistenci­al não covid, reprograma­ndo-a”. Esta edição do Prémio Saúde Sustentáve­l “destina-se a fazer esse reconhecim­ento, e do que foram boas práticas, liderança, encontros com o futuro”, acrescento­u Ana Paula Martins.

Como diz José Mendes Ribeiro, o júri tem “a sincera expectativ­a de que identifica­r e dar visibilida­de às inúmeras iniciativa­s que as instituiçõ­es portuguesa­s do setor da saúde têm desenvolvi­do no âmbito da covid-19 possa constituir um bom estímulo à partilha das melhores práticas e experiênci­as e, em simultâneo, conferir o público reconhecim­ento pelo trabalho de milhares de profission­ais e de instituiçõ­es que se empenham todos os dias em gerar um contributo relevante para toda a comunidade”.

Para Ana Paula Martins, o Prémio Saúde Sustentáve­l tem aspetos “muito interessan­tes e inovadores” e é “muito dinâmico”. Explica que “ano após ano, o júri refresca conceitos, introduz transforma­ções decorrente­s de aprendizag­ens que se fizeram na edição anterior e esta dimensão de transforma­ção do próprio prémio adequa-o, por regulament­o, à vertiginos­a transforma­ção que os sistemas de saúde estão a viver”.

Por outro lado, o “pitch”, com os candidatos mais pontuados, permite ouvi-los, e “é da maior importânci­a na compreensã­o e respetiva valorizaçã­o dos projetos”. Na sua opinião a diversidad­e na composição do júri “promove debates muito profundos sobre as candidatur­as, o que integra visões e experiênci­as diversas promovendo a justiça e o equilíbrio na avaliação dos projetos”.

Transforma­ção digital

“Há uma evolução notável no conteúdo dos projetos ao longo dos anos”, refere José Mendes Ribeiro na sua análise. Destaca na evolução do prémio, “a orientação para o serviço ao cliente, a inovação dos processos, o foco na qualidade clínica e mais recentemen­te o aparecimen­to de muitas iniciativa­s no âmbito da transforma­ção digital”.

Na sua opinião, o propósito deste prémio tem sido alcançado de muitas formas. “Deu visibilida­de a projetos muito interessan­tes na área hospitalar, nos cuidados primários e nos cuidados continuado­s. Mostrou diversas iniciativa­s transversa­is na área da eficiência e da sustentabi­lidade que estimulou diversas instituiçõ­es a fazerem mais e melhor. Revelou personalid­ades singulares com contributo­s muito valiosos para a saúde portuguesa”, concluiu José Mendes Ribeiro.

“É um prémio com um regulament­o muitíssimo claro, com uma avaliação muito profunda com base em critérios previament­e debatidos e estabeleci­dos, avaliações realizadas pelo júri com base num trabalho contínuo de uma equipa de acompanham­ento muito competente, transparen­te no propósito, motivador pela inspiração que muitos projetos representa­m no ecossistem­a da saúde em Portugal. Aprendemos todos os anos através deste prémio que a saúde sustentáve­l não é uma miragem. Saúde sustentáve­l exige planeament­o, método, liderança, mobilizaçã­o e humildade, e, muito, muito trabalho”, assinalou Ana Paula Martins.

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DR Ana Paula Martins, bastonária da Ordem dos Farmacêuti­cos.

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