“Aprendemos com este prémio que a saúde sustentável não é uma miragem”
Para Ana Paula Martins, bastonária da Ordem dos Farmacêuticos, o prémio pode este ano fazer o reconhecimento do que “foram boas práticas, liderança e encontros com o futuro” na resposta da Saúde à covid-19.
“Ocontexto da pandemia em que decorre a edição do Prémio Saúde Sustentável 2020 não deixaria que este ficasse alheio ao enorme desafio que enfrenta toda a sociedade”, considera José Mendes Ribeiro, economista na área da Saúde, autor do livro “Saúde Digital” e membro do júri desde a primeira edição. Maria de Belém Roseira, ex-ministra da Saúde, e um dos membros mais antigos do júri, referiu que “é natural que num ano marcado, de forma avassaladora, pela covid-19 o júri tenha pretendido identificar projetos que se tenham destacado em termos de reinvenção eficaz de luta contra um inimigo tão perigoso e tão desconhecido”.
Por sua vez, Ana Paula Martins, bastonária da Ordem dos Farmacêuticos, referiu que os sistemas de saúde, o tecido científico, empresarial, social, os agentes políticos, a sociedade, tiveram de se organizar “de forma absolutamente nova e muito rápida para responder a um desafio que na história das atuais gerações é fundamentalmente diferente de tudo o que até agora vivemos”.
Garantir resposta
O que mobilizou profissionais, cientistas, universidades, o SNS e as unidades de saúde que prestam serviços de saúde nos setores social e privado foi “garantir que havia resposta à covid-19 e a toda a atividade assistencial não covid, reprogramando-a”. Esta edição do Prémio Saúde Sustentável “destina-se a fazer esse reconhecimento, e do que foram boas práticas, liderança, encontros com o futuro”, acrescentou Ana Paula Martins.
Como diz José Mendes Ribeiro, o júri tem “a sincera expectativa de que identificar e dar visibilidade às inúmeras iniciativas que as instituições portuguesas do setor da saúde têm desenvolvido no âmbito da covid-19 possa constituir um bom estímulo à partilha das melhores práticas e experiências e, em simultâneo, conferir o público reconhecimento pelo trabalho de milhares de profissionais e de instituições que se empenham todos os dias em gerar um contributo relevante para toda a comunidade”.
Para Ana Paula Martins, o Prémio Saúde Sustentável tem aspetos “muito interessantes e inovadores” e é “muito dinâmico”. Explica que “ano após ano, o júri refresca conceitos, introduz transformações decorrentes de aprendizagens que se fizeram na edição anterior e esta dimensão de transformação do próprio prémio adequa-o, por regulamento, à vertiginosa transformação que os sistemas de saúde estão a viver”.
Por outro lado, o “pitch”, com os candidatos mais pontuados, permite ouvi-los, e “é da maior importância na compreensão e respetiva valorização dos projetos”. Na sua opinião a diversidade na composição do júri “promove debates muito profundos sobre as candidaturas, o que integra visões e experiências diversas promovendo a justiça e o equilíbrio na avaliação dos projetos”.
Transformação digital
“Há uma evolução notável no conteúdo dos projetos ao longo dos anos”, refere José Mendes Ribeiro na sua análise. Destaca na evolução do prémio, “a orientação para o serviço ao cliente, a inovação dos processos, o foco na qualidade clínica e mais recentemente o aparecimento de muitas iniciativas no âmbito da transformação digital”.
Na sua opinião, o propósito deste prémio tem sido alcançado de muitas formas. “Deu visibilidade a projetos muito interessantes na área hospitalar, nos cuidados primários e nos cuidados continuados. Mostrou diversas iniciativas transversais na área da eficiência e da sustentabilidade que estimulou diversas instituições a fazerem mais e melhor. Revelou personalidades singulares com contributos muito valiosos para a saúde portuguesa”, concluiu José Mendes Ribeiro.
“É um prémio com um regulamento muitíssimo claro, com uma avaliação muito profunda com base em critérios previamente debatidos e estabelecidos, avaliações realizadas pelo júri com base num trabalho contínuo de uma equipa de acompanhamento muito competente, transparente no propósito, motivador pela inspiração que muitos projetos representam no ecossistema da saúde em Portugal. Aprendemos todos os anos através deste prémio que a saúde sustentável não é uma miragem. Saúde sustentável exige planeamento, método, liderança, mobilização e humildade, e, muito, muito trabalho”, assinalou Ana Paula Martins.