Olhares sobre a pandemia
“A covid-19 apanhou-nos a todos de surpresa”, assinala José Mendes Ribeiro. Por isso, “foi necessário focar toda a nossa estrutura de prestação de cuidados nessa prioridade absoluta. Foi o equivalente a entrar num cenário de guerra e dar a máxima prioridade a todas as urgências, colocando em segundo plano a atividade de rotina”. O grande desafio que se vai colocar no futuro é “a recuperação dessa rotina”.
“Temos de ser realistas e compreender que o nosso sistema de saúde, em particular o Serviço Nacional de Saúde, enfrentava já diversas fragilidades quer em termos de níveis de serviço (tempos de espera, referenciação para especialidades, cobertura de cuidados primários a toda a população) como em termos de financiamento e alocação de re
cursos técnicos e de meios de investimento”.
Na perspetiva de Ana Paula Martins houve impactos diversos da covid-19 no sistema de saúde em Portugal mas há três que considera essenciais. O primeiro foi o “reforço inequívoco da capacidade de resposta do SNS para a covid-19, em áreas como a medicina intensiva, rede de equipas de saúde pública, e na criação da reserva estratégica nacional para responder a situações pandémicas infecciosas”.
O segundo é um impacto negativo “na atividade assistencial que teve de ser cancelada e que vai provocar falhas graves no acesso aos cuidados de saúde nos próximos anos, caso não haja um plano de recuperação excecional para este efeito”. Diz que às listas de espera que o SNS
já tinha e que estava de forma programada a tentar responder, “juntam-se agora dezenas de milhares de consultas, cirurgias, tratamentos adiados com potenciais impactos na sobrevivência e qualidade de vida dos portugueses”.
Finalmente, segundo Ana Paula Martins, a “necessidade de regressar ao futuro, aproveitando este momento difícil e trágico para tantos como uma oportunidade única de concretizar alterações que há tantos anos se planeiam na saúde em Portugal e que nunca foi possível fazer acontecer”. Numa última nota afirma que “neste contexto, este prémio pode acrescentar soluções, reconhecendo e valorizando planos de resposta que com eficácia, respondam às necessidades em saúde dos portugueses”.
“Foi o equivalente a entrar num cenário de guerra e dar a máxima prioridade a todas as urgências, pondo em segundo plano a atividade de rotina.