Jornal de Negócios

Governo defende moratórias mas esquerda quer ir mais longe

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O Parlamento debateu, em plenário, a proposta de lei do Governo que pretende prolongar até setembro as moratórias concedidas às rendas não habitacion­ais. No mesmo sentido, foram apresentad­os dois projetos de lei do PCP e um do Bloco de Esquerda. Os dois partidos querem ver reduzidos os encargos dos lojistas com as rendas. GOVERNO PROPÕE MORATÓRIA PROLONGADA

A proposta de lei aprovada em Conselho de Ministros prevê que os comerciant­es que se viram forçados a encerrar por causa da pandemia possam diferir o pagamento das rendas dos meses de encerramen­to e dos “três meses subsequent­es ao mês em que ocorreu o levantamen­to da imposição do encerramen­to”. Estas rendas devem começar a ser pagas a partir de 1 de janeiro de 2021, e podem ser regulariza­das até 31 de dezembro de 2022. A proposta institui ainda um “mecanismo negocial formal, para que senhorios e inquilinos

possam chegar a um melhor acordo, prevendo eventuais perdões de renda”, explicou João Torres.

PCP QUER ESTADO A SUBSIDIAR SENHORIOS

O Partido Comunista apresentou um projeto que visa os “contratos de arrendamen­to urbano não habitacion­al”, desde que seja “comprovada a diminuição de rendimento”. Esta medida, destinada ao “comércio de rua”, prevê que o pagamento das rendas possa ser prolongado até ao dia 30 de cada mês. “Nos casos comprovado­s de redução ou paralisia das atividades (...) é aplica

da, a pedido do inquilino, uma redução de igual percentage­m nas respetivas rendas, sendo o diferencia­l subsidiado pelo Estado diretament­e ao senhorio”, lê-se na proposta que chegou a ser feita no âmbito do Orçamento suplementa­r mas que não passou.

PCP PEDE SUSPENSÃO DE RENDAS FIXAS ATÉ MARÇO

Noutra proposta, os comunistas consideram que a “forma contratual atípica” dos centros comerciais “merece um tratamento legislativ­o específico”. À semelhança da medida que viu incluída no Orçamento suplementa­r, o PCP propõe que até 31 de março de 2021, não sejam “devidos quaisquer valores a título de rendas mínimas, sendo apenas devido aos proprietár­ios dos centros comerciais o pagamento da componente variável da renda, calculada sobre as vendas realizadas pelo lojista”. A medida não isenta os lojistas do pagamento dos encargos comuns.

BLOCO PROTEGE LOJAS COM HISTÓRIA

O projeto de lei do Bloco de Esquerda abrange tanto as lojas de rua como os centros comerciais. Para o comércio de rua, propõe “uma redução da renda equivalent­e às perdas de faturação até um máximo de 20% do valor de renda”. Já nas lojas de centros comerciais “apenas são devidas rendas com componente variável e o pagamento das despesas contratual­mente definidas com encargos comuns e de gestão”. O Bloco refere ainda que para as lojas de “interesse histórico e cultural ou social local”, deve ser “estipulada uma renda variável de acordo com o definido para os centros comerciais”. O acesso ao apoio implicará sempre que os lojistas “tenham sofrido uma perda de faturação superior a 20% em período homólogo do ano ou do mês anterior”.

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