Jornal de Negócios

Gestora do MARL quer “filho” na Margem Sul

- ANA SANLEZ anasanlez@negocios.pt Bruno Colaço

A empresa pública que gere os mercados abastecedo­res vai estudar, com a Área Metropolit­ana de Lisboa, a criação de um polo do MARL a sul do Tejo. Até lá, a Simab vai manter a aposta no negócio internacio­nal. O próximo destino é o Quénia.

AMargem Sul poderá vir a ter um mercado abastecedo­r. É essa a vontade do grupo Simab, a empresa pública que gere os mercados abastecedo­res de Lisboa, Braga, Évora e Faro. Em entrevista ao Negócios, João Tiago Carapau, responsáve­l pelo Desenvolvi­mento de Negócio e Projetos de Mercados Grossistas e Retalhista­s da Simab, revela que está a ser estudada a hipótese de instalar um “filho do Mercado Abastecedo­r da Região de Lisboa (MARL)” a sul do Tejo.

“Achamos fundamenta­l que, em articulaçã­o com a Área Metropolit­ana de Lisboa (AML), e até com o futuro aeroporto do Montijo, se possa desenvolve­r um novo polo, semelhante ao MARL, numa zona onde a produção agrícola é tão importante”, ressalva o responsáve­l.

Essa hipótese, acrescenta João Tiago Carapau, será avaliada num estudo sobre fluxos logísticos, que vai ser desenvolvi­do pela AML e que tem a Simab como parceira. Será esse estudo que dará “pistas sobre a viabilidad­e do projeto” e possíveis localizaçõ­es.

“O MARL tem uma taxa de ocupação de praticamen­te 100%”, lembra o responsáve­l, pelo que um novo mercado, articulado com o espaço de Lisboa, “poderia dar uma resposta de maior proximidad­e aos concelhos daquela zona de produção”.

João Tiago Carapau ressalva que nem a pandemia fez quebrar os níveis de ocupação dos mercados, tendo acontecido até o contrário, o que reforça a necessidad­e de um novo polo. Nos últimos meses, as empresas de logística que operam nos mercados abastecedo­res viram o seu negócio aumentar, pelo que “precisam de mais espaço”. No MARL, está prevista a construção de uma nova área, de 2.500 metros quadrados, que será ocupada por um novo operador. O valor do negócio ainda não é conhecido.

Projeto nacional em Nairóbi

Apesar de ter na sua génese a gestão de mercados abastecedo­res nacionais, nos últimos anos a Simab tem reforçado a aposta na consultori­a internacio­nal. Antes da pandemia, a empresa ganhou um concurso para desenvolve­r o conceito de um mercado em Nairóbi, no Quénia.

O contrato, no valor de 200 mil euros, prevê que a Simab faça os estudos prévios, o enquadrame­nto territoria­l e o desenho do mercado. Numa segunda fase, a empresa poderá ser chamada a pôr em prática o projeto de execução. “Vai depender da primeira etapa, mas já estamos posicionad­os”, conta João Tiago Carapau.

O especialis­ta admite que a pandemia colocou um “travão” às ambições internacio­nais da Simab, até porque “estes são negócios que se fazem no terreno, e sem viagens há menos oportunida­des”.

Até ao início do ano, os mercados geridos pela Simab, nomeadamen­te o MARL, receberam comitivas da Alemanha, Uruguai e Marrocos, que vieram estudar a replicação do modelo. O surto de covid-19 obrigou a empresa a rever o encaixe previsto com estas operações. João Tiago Carapau admite que “nos próximos três anos” a faturação com os serviços de consultori­a possa chegar a um milhão de euros, “mas dependerá da evolução da crise pandémica”.

A maior fatia virá da China, de dois projetos que estão em cima da mesa desde 2018, e que entretanto “adormecera­m”. O primeiro será em Cixi e é o mais adiantado. A Simab será responsáve­l pela conceção de um complexo comercial de 400 mil metros quadrados

e pela sua execução. “O que ficou definido é que, futurament­e, poderemos participar também na gestão”, adianta o responsáve­l.

O segundo projeto fica na cidade chinesa de Dalian, e será “semelhante” ao de Cixi. O negócio atrasou e só deverá arrancar em 2021. “Estamos a fazer um esforço para retomar as negociaçõe­s, apesar das incertezas, sobretudo na China”, admite o responsáve­l.

Os negócios internacio­nais já deram, ainda assim, outros frutos. A Simab quer aproveitar os serviços de consultori­a como alavanca, para que os operadores que vendem nos mercados nacionais consigam exportar os seus produtos. “Antes da pandemia, garantimos um acordo de exportação de carne suína para a China.” A Simab quer apostar forte nesta nova vertente, uma vez que, como intermediá­ria, recebe uma comissão pelas vendas.

“Antes da pandemia, garantimos um acordo de exportação de carne suína para a China. JOÃO TIAGO CARAPAU Responsáve­l por Desenvolvi­mento de Negócio da Simab

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O MARL tem uma taxa de ocupação de praticamen­te 100%, diz João Tiago Carapau.

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