Jornal de Negócios

Covid-19 cria oportunida­des de aquisição na tecnologia

A tecnologia deverá ser um setor “quente” nos movimentos de consolidaç­ão. Já o turismo e o retalho terão de entrar nestes movimentos por uma questão de sobrevivên­cia.

- Philipp Guelland/EPA PATRÍCIA ABREU

“Poderá haver movimentos de M&A, à procura de nova tecnologia e novas competênci­as.

CIDÁLIA SANTOS Diretora de “strategy & corporate finance” da PwC

A crise da covid-19 acelerou a transição para uma era digital, com a tecnologia no centro. Mas nem todas as empresas estavam preparadas para uma economia que, de um momento para o outro, passou a funcionar “à distância”. Com o confinamen­to, os negócios tiveram de acelerar a aposta na tecnologia, mas nem todos conseguira­m. E é por isso que a PwC vê na tecnologia um setor “quente” que pode motivar grande interesse nos próximos meses.

“Muitas fragilidad­es podem estar relacionad­as com o tema da tecnologia”, refere Cidália Santos, adiantando que “poderá haver movimentos de fusões e aquisições, à procura de nova tecnologia e novas competênci­as”, com as empresas a tentarem colmatar falhas que identifica­ram durante o período do confinamen­to.

As medidas de confinamen­to que forçaram as pessoas a ficar em casa e a trabalhar à distância levaram a um reforço da procura de serviços tecnológic­os, como as compras online, os pagamentos através de meios digitais, ou os jogos online. Um movimento que já vinha a crescer, mas que disparou nos últimos meses e que traz oportunida­des de investimen­to.

“A esmagadora maioria da indústria e da química são considerad­as empresas de setores defensivos, para as quais os investidor­es vão olhar com bons olhos”, acrescenta Cidália Santos. Outro segmento que poderá estar no centro de movimentos de consolidaç­ão é o imobiliári­o, um dos setores afetados pela pandemia. “Há muitas empresas que vão rever os seus escritório­s devido ao trabalho remoto”, nota a diretora de estratégia da PwC.

Segundo Cristina Cabral Ribeiro, “já houve muitos clientes que desistiram de mudança de escritório­s ou já estão a libertar pisos”, numa tendência que veio para ficar.

Já do lado daquilo que qualificam como negócios “pelas más razões”, as especialis­tas realçam o setor do turismo e das viagens, bem como o retalho. Áreas de negócio em que “vai haver movimentos de transação, provavelme­nte por uma questão de sobrevivên­cia”, destaca Cidália Santos.

Proteger o património

Cristina Cabral Ribeiro considera, contudo, que pode haver outros catalisado­res de potenciais negócios. Desde logo por questões legais. De acordo com a advogada, o facto de em Portugal muitos empresário­s darem garantias pessoais poderá levar a que estes queiram desfazer-se dos negócios, para não pôr em causa o património da família.

Por outro lado, grupos que têm atividades mais “tóxicas” poderão “preparar esse ativo para uma venda”, de modo a tirá-lo da carteira de ativos e evitar a “contaminaç­ão” dos negócios do grupo.

“Houve clientes que desistiram de mudança de escritório­s, ou estão a libertar pisos. CRISTINA CABRAL RIBEIRO Sócia da CCR Legal e membro da “network” das práticas legais da PwC

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A covid veio reforçar a aposta no desenvolvi­mento tecnológic­o.

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