Jornal de Negócios

ADSE propõe aumento do preço das consultas

A nova proposta de tabelas prevê um aumento do preço pago pelos beneficiár­ios e pela ADSE. Conselho consultivo ainda se vai pronunciar. Conheça os valores.

- CATARINA ALMEIDA PEREIRA catarinape­reira@negocios.pt

Aproposta de nova tabela de preços já elaborada pela ADSE prevê que as consultas na rede convencion­ada sejam mais caras. ideia é que o valor pago pelo beneficiár­io aos prestadore­s privados passe de 3,99 euros para 5,5 euros por consulta, enquanto o preço pago pela ADSE sobe de 14,47 para 19,5 euros.

A hipótese de um aumento “moderado” das consultas já tinha sido admitida em fevereiro por Eugénio Rosa, vogal da ADSE, por João Proença, presidente do Conselho Geral e de Supervisão e não foi afastada pelo Governo. Na altura, porém, o Conselho Diretivo da ADSE – que tem agora uma nova presidente, Maria Manuela Faria – apontava para valores mais elevados, com uma eventual subida para 12 euros do valor pago pelo beneficiár­io.

Ao Negócios, Eugénio Rosa justifica o aumento agora proposto com a necessidad­e de captar mais médicos para o regime convencion­ado. “O objetivo é melhorar o pagamento das consultas para conseguir mais médicos para a rede convencion­ada porque temos dificuldad­e em fazer convenções com médicos, sobretudo fora das zonas urbanas, mas também em Lisboa”. O vogal da ADSE, que lembra que os preços não são atualizado­s há quase duas décadas, sustenta que a ideia é também reduzir o recurso ao regime livre, em que os preços são mais elevados.

Tal como revelou esta quarta-feira a ministra da Administra­ção Pública, Alexandra Leitão, esta proposta foi agora enviada para análise do Conselho Geral e de Supervisão (CGS), que terá de dar parecer. Em fevereiro, o presidente deste órgão consultivo, João Proença, tinha defendido um aumento “proporcion­al”, mais baixo: se o valor total pago aos prestadore­s privados de saúde sobe para 25 euros o preço a pagar pelo beneficiár­io deve subir cinco.

Esta será apenas uma das novidades da nova tabela de preços que está em elaboração há quase três anos. Em outubro de 2017, o então presidente do Instituto Público, Carlos Liberato Batista, apresentou uma proposta que ia no mesmo sentido, aumentando o preço das consultas, na altura rejeitada pelos membros do recém-criado conselho consultivo.

Seguiu-se uma guerra com os prestadore­s privados de saúde por causa dos preços abertos nas cirurgias, próteses, e medicament­os administra­dos em ambiente hospitalar. Isto levou a ADSE a corrigir a faturação que lhe era apresentad­a pelos hospitais privados, através das chamadas regulariza­ções. Quando os prestadore­s privados ameaçaram rasgar os acordos, em fevereiro do ano passado, as tabelas foram prometidas para “breve”. Eugénio Rosa explica que estão previstos preços fechados, embora não tenha dado detalhes sobre o assunto.

A ideia de que é necessário aumentar ou atualizar o preço das consultas parece agora mais consensual entre os responsáve­is. Resta saber se é desta que as novas tabelas, sucessivam­ente adiadas, avançam mesmo.

Consultas custam 43 milhões à ADSE

No ano passado, a despesa da ADSE com 2,88 milhões de consultas no regime convencion­ado ascendeu a 42,9 milhões de euros, revela o relatório e contas de 2019, a que o Negócios teve acesso. O aumento foi de 1,9% face ao ano anterior e de 5,9% em dois anos. No entanto, uma vez que os dados são apresentad­os de forma agregada, não é certo que o universo aqui retratado coincida exatamente com o das consultas que vão sofrer um aumento de preço.

O mesmo relatório também confirma que o número de prestadore­s convencion­ados continua a recuar, o que vai ao encontro das preocupaçõ­es expressada­s pelo vogal da ADSE, Eugénio Rosa. O número de prestadore­s caiu 9% em dois anos (para 1.465) e o número de locais de prestação caiu 6% (para 3.572).

O relatório explica que a quebra se deve, “em grande medida”, à atualizaçã­o da base de dados, “tendo-se denunciado as convenções de prestadore­s que não submeteram qualquer faturação por períodos superiores a 12 meses”.

De qualquer forma, no ano passado foram celebradas 26 novas convenções, quando “a procura, por parte dos prestadore­s, de novas convenções com a ADSE se mantém elevada, tendo dado entrada em média cerca de 220 novos pedidos/ano nos últimos três anos.”

No ano passado, a receita da ADSE cresceu 5,4% para 672 milhões de euros, mas a despesa cresceu 13,6%, para 622 milhões, um aumento significat­ivo que o relatório justifica com o incremento do ritmo de conferênci­a de faturas (redução do prazo de faturação de 180 para 7 dias). O resultado líquido foi de 102,7 milhões de euros, contra 57 milhões no ano anterior, em parte devido ao “aumento dos proveitos” e à “constituiç­ão de um volume de provisões inferior ao do ano anterior”.

“O objetivo é conseguir mais médicos para a rede convencion­ada. EUGÉNIO ROSA Vogal da ADSE

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A proposta de tabelas de preços do Conselho Diretivo ainda será analisada pe

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